O gosto azedo do aniversário da omissão, do colapso e do desgoverno aos quais estamos expostes 

A marca é simbólica neste um ano de pandemia. Dizem que o primeiro caso foi em fevereiro, outros afirmam que foi em janeiro. Tanto faz. Chegamos a este ponto onde pelo menos 250 mil vidas brasileiras foram levadas pelo Coronavírus. E bem pelo menos mesmo porque sabemos que no Brasil a subnotificação é gigantesca. 

Não é gosto pelo mórbido. Não é querer a Imprensa ser carniceira. Mas as pessoas continuam morrendo principalmente por falta de informação.  

Em um Brasil governado por quem adora fake news e se apoia no negacionismo, em um País dominado pelo obscurantismo e pela inércia do Executivo federal, é neste país que todos os dias famílias continuam enterrando as pessoas que amam. A doença fica a cada dia mais próxima, um dia pode ser um amigo seu, ou já foi neste um ano. E nada. 

Nada foi feito pelo Governo Federal durante o avanço da pandemia. Na primeira onda e agora na segunda, ainda mais forte, reinou a omissão de um presidente mais preocupado em alimentar seu gado do que salvar o rebanho. 2022 já é no ano que vem, a base de ódio e cegueira científica precisa ser alimentada. Paga a conta também quem se cuida. 

Não é gosto pelo mórbido. Não é querer a Imprensa ser carniceira. Mas as pessoas continuam morrendo principalmente por falta de informação.

  

Somos o País que viu várias de suas importantes lideranças políticas pregando contra as medidas de contenção da Covid. O uso de máscara no Executivo federal é inexistente. Politizaram uma pandemia mundial e toda a dor virou um jogo de discussão vazia. Ninguém se importa com quem morreu, só quer ter razão. 

Nível federal negacionista e atuando com interesse político encontrando alguns Estados e prefeituras que o seguiram. O caos. Uma cascata de irresponsabilidade que desaguou em números de afogar qualquer esperança. O alinhamento político, o agrupamento partidário, isso sim valeu mais do que o dado científico, do que a evidência de pesquisadores do mundo todo. 

Nos Estados não alinhados ao presidente, também uso político se colocando como o outro lado, como o outro polo. Não precisamos de polarização, precisamos de oxigenação. A quem está na UTI não interessa o seu partido, não interessa o seu interesse no ano que vem, não interessa se você é fã da cloroquina ou prefere a vacina.  

O uso de máscara no Executivo federal é inexistente. Politizaram uma pandemia mundial e toda a dor virou um jogo de discussão vazia.

Omissão de uma população mal educada, que nunca se preveniu – basta olhar a onda enorme de casos de sífilis, a crescente infecção por HIV entre jovens e o recente surto de Sarampo, algo tão anos 80. Muitos mentem para si sobre o uso correto de máscara, somente para si.  

O que eu vejo enfrentando o transporte público (por necessidade, se pudesse ficaria em casa o tempo todo) são pessoas dentro do ônibus/vagão abaixando a máscara para tossir ou espirrar. Gente comendo, gente falando ao celular com boca e nariz descobertos, gente de máscara abaixada e ponto, sem motivo aparente. 

Triste.  

Enquanto isso, ninguém se importa com um verdadeiro plano de Estado. A pandemia revelou dentre tantas outras coisas a urgente necessidade de que nós, população, de uma vez por toda exijamos uma política baseada no Estado em vez de guiada pela personalidade. É preciso uma linha-mestra que não nos desvie do cuidado com nossa população. 

Independentemente de quem nos governará, é preciso um plano de nação construído por nós para os próximos anos. Valorizar o serviço público, garantir estruturas de Saúde, incentivar a ciência, reforçar campanhas de prevenção, somar esforços e implantar a teoria tão linda que temos em nossas legislações. 

Para isso nunca mais acontecer.