Eu sou uma travesti e ainda não me sinto representada no espaço corporativo*
Eu sou uma travesti e já sofri assédio em ligação.
Eu sou uma travesti e ainda não me sinto representada no espaço corporativo.
Eu sou uma travesti e quando olho para cargos maiores que o meu não enxergo pessoas como eu.
Eu sou uma travesti e a minha capacidade já foi hesitada.
Eu sou uma travesti e já senti olhares descriminatórios na empresa.
Eu sou uma travesti e já suportei sexualização no meu trabalho.
Eu sou uma travesti e a minha intelectualidade já foi descredibilizada.
Eu sou uma travesti e já praticaram misgender comigo durante vários atendimentos.
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Eu sou uma travesti e inúmeras vezes as pessoas me tratam no masculino por “deduzirem” que tenho uma “voz masculina” mesmo depois de corrigir ou me identificar.
Eu sou uma travesti e já entrei no banheiro da empresa com medo de ser impedida.
Eu sou uma travesti e quando olho para o número de quadro de funcionários e não vejo, ou vejo poucas pessoas trans, pra mim a conta não bate.
Eu sou uma travesti e já questionaram a minha identidade na linha.
Eu sou uma travesti e já ouvi ameaças durante o meu trabalho.
Eu sou uma travesti e já sofri coisas que muitas pessoas também sofrem na minha posição profissional.
Mas eu sou uma travesti e além de tudo isso, também já sofri ataque e transfobia.
Parece uma trend boba, mas decidi usar dela para falar coisas que senti e sofri atuando como telemarketing, e que além de tantas outras coisas que estamos expostes a passar, ainda sim temos as somas dos nossos demarcadores sociais, sabe?
Você imagina o quanto é difícil para um corpo racializado e/ou dissidente de gênero que exerce suas incontáveis dificuldades e ainda ter que lidar com os atravessamentos que acontecem dentro do seu dia a dia? Pois é.
Hoje exercer o meu trabalho em homeoffice e estar imune pelo distanciamento, não me isenta de sofrer tantas outras coisas que chegam até o meu corpo e que pode abalar a minha saúdemental.
Entre esses e outros muitos atravessamentos, é preciso de muita terapia, apoio no ambiente corporativo, senso de coletividade e responsabilidade, e um longo processo de autoconhecimento e autoproteção pra que nada disso nos afete de forma tão nociva.
Eu sou uma travesti e já suportei sexualização no meu trabalho.
As instituições precisam pensar que inclusão não é só contratar pessoas trans, e colocá-las em sua maioria em cargos operacionais. É preciso entender as necessidades de TODES nós, ter um plano onde possa intervir no crescimento educacional e no espaço de trabalho destas pessoas, para que alcancem maiores posições de maneira vertical e que possam se sentir seguras, ouvida.
E precisamos entender que temos o nosso direito de autodefesa quando ocorra esses cenários de crime, ódio e discriminação.
E como mudamos tudo isso? Você deve estar pensando…
Esse peso não é nosso! E sim responsabilidade sua, CISgênero!
É isso mesmo! ✨
*Vincia Prado é uma travesti Creator, Comunicadora e Atriz que discute Diversidade e Inclusão LGBTQIAPN+ no Linkedin.