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O CORPO TRANS NÃO É FETICHE!

Este é o desabafo de uma mulher que está cansada de ser vista como objeto de prazer

Por Michelly Longo*

Como você se sentiria tendo seu corpo banalizado como fetiche? Obtendo essa resposta, você saberá como pessoas trans/travestis se sentem. É tão estranho ver comentários em minhas fotos nas redes sociais, às vezes um olhar de cobiça, a maneira com que a todo o momento pessoas hiper sexualizam meu corpo. Até onde uma simples foto, um vídeo ou uma simples peça de roupa dá o direito de alguém querer me violar?

A todo momento somos hiper sexualizados, vira e mexe nos pedem nudes e a grande maioria das pessoas nos enxerga apenas como depósito… é deprimente a maneira como as pessoas nos abordam e nos enxergam, porém a culpa não é nossa, a culpa é de quem  não consegue ver que somos seres humanos, que temos sentimentos e não vivemos apenas de sexo, nem à disposição de satisfazer desejos sexuais alheios.

A sexualização do corpo trans é uma das maneiras mais sórdidas de tentar nos diminuir enquanto pessoas, de querer nos reduzir a bonecas infláveis ou nos colocar como pedaços de carne prontos a serem consumidos.

Porém a culpa não é nossa, a culpa é de quem  não consegue ver que somos seres humanos, que temos sentimentos e não vivemos apenas de sexo, nem à disposição de satisfazer desejos sexuais alheios.

Toda essa contextualização, que em sua maior parte vem de pessoas cis heterossexuais, já vem estruturada pra tentar marginalizar, discriminar e escravizar sexualmente corpos de pessoas as quais muitos dizem que são errados.

Humanos trans existem e persistem para além do fetiche

No país que mais mata pessoas travestis e transexuais no mundo e que mais consome conteúdo pornográfico protagonizado pelas mesmas, não nos assusta que a hipocrisia seja algo tão banal. O erro não está, nem nunca esteve, em nós!

A sexualização do corpo trans é uma das maneiras mais sórdidas de tentar nos diminuir

Chega a ser intrigante que existam seres humanos – se é que assim podemos dizer – que durante o dia nos discriminam e a noite nos procuram, dói na alma a forma como tentam tirar de nós a humanidade, acreditando que a nossa única alternativa seja fazer de nossos corpos o sustento de nosso dia-a-dia. Já não bastasse o pouco direito que conquistamos, ainda querem nos tirar. Em pleno século XXI, além de quererem devorar nossa carne, ainda querem nos atirar na fogueira.

O erro não está, nem nunca esteve, em nós!

Caro leitor, este é o desabafo de uma mulher que está cansada de ser vista como objeto de prazer, talvez não entenda bem o que eu quero dizer, porém muitas outras assim como eu se identificam com cada palavra aqui escrita, pois está na hora de nos tratarem como seres humanos apenas e não nos rotular pela identidade de gênero. Humanos trans existem e persistem para além do fetiche.

*Michelly Longo é ativista trans negra, baiana, cozinheira de profissão, casada e cheia de boas experiências para compartilhar.  

Redação

Redação Ezatamentchy

2 Comments
  1. pedro

    06/07/2021 03:38

    muito bom seu site gostei muito do seu conteúdo.Vou passar mais vezes para ver as atualizações.abraço para vcs.

  2. Jeferson Osni

    09/02/2023 21:00

    uau que texto maravilhoso.Sou academico de história e gostaria que vc entrasse em contato comigo,estou desenvolvendo meu tcc sobre travestis e transexuais, seria um prazer te entrevistar.

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