“O Ano de 1985” explora a realidade sobre a epidemia de HIV de um ângulo comovente
Por Eduardo de Assumpção*
“O Ano de 1985 (1985, EUA, 2018)” é a extensão do curta “1985”, do diretor malaio Yen Tan. O longa é focado na história de Adrian, vivido por Cory Michael Smith, um jovem que, após três anos, volta de Nova York para passar o Natal com a família no Texas. Apesar de colorida e efervescente, a década de 1980 é lindamente fotografada em preto e branco, para dar à obra o tom obscuro que assombrava a época, a disseminação da AIDS.
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Adrian acaba de perder o namorado e seus amigos não param de morrer. A família composta pelo pai Dale, a mãe Ellien e o irmão pré-adolescente Andrew garante os momentos mais belos do filme, que é rodeado por uma melancolia e uma atmosfera de despedida. Referências aos anos 1980 aparecem, mas não em exagero.
Madonna é citada pelo irmão de Adrian que adora música. Numa loja de música, Andrew é apresentado ao The Cure e R.EM. Do cinema “De Volta para o Futuro” e “A hora do Pesadelo II” são lembrados. A bonita relação com o irmão é como se Adrian se visse espelhado naquele garoto, com a sexualidade por desabrochar. Enquanto Adrian luta para encontrar uma maneira de contar para a família sobre sua homossexualidade, todos têm seus conflitos pessoais.
Apesar de religiosos e conservadores, os membros da família se mostram muito além disso, com personalidades cheias de nuances. Carly(Jamie Chung) aparece, uma amiga de infância e ex-namorada, com quem o personagem poderá contar realmente com momentos de intimidade, expondo seus reais sentimentos.
Apesar de muito bonito, e de levantar questões importantes como homofobia, HIV e relações familiares, “O Ano de 1985” não chega a ser um filme inovador, porém explora a realidade do personagem de um ângulo comovente, onde é difícil não se envolver quando os segredos vêm à tona.
Disponível na @filmicca
*Eduardo de Assumpção é jornalista e responsável pelo blog cinematografiaqueer.blogspot.com
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Twitter: @eduardoirib