“O Fiel Camareiro” é um clássico do entretenimento com grandes performances de Ian McKellen e Anthony Hopkins
Por Eduardo de Assumpção*
“O Fiel Camareiro” (Reino Unido, 2015) Em uma produção de Rei Lear, o protagonista está beirando a insanidade à medida em que a idade e o trabalho cobram seu preço. Simplesmente referido como Sir e interpretado por Anthony Hopkins, seu camareiro de longa data, Norman (Ian McKellen), espera por ele. A única recompensa muitas vezes é uma língua afiada e um olhar de desinteresse.
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Richard Eyre habilmente dirige o filme como uma peça dentro de uma peça, ecoando um estilo que serve para enfatizar ainda mais uma obra de magnífica intimidade de dois homens que expõe suas almas perturbadas e emaranhadas e, ao fazê-lo, torna-se poética sobre o grande propósito imbuído naqueles que sacrificam suas próprias vidas pelo bem de outro.
“O Fiel Camareiro” é um clássico do entretenimento, orientado para o desempenho, e com grandes performances de Ian McKellen e Anthony Hopkins liderando esta última versão da peça de Ronald Harwood, já adaptada para o cinema, em 1983. O filme vai na jugular teatral desde o início, com uma longa conversa entre o constante assistente de bastidores Norman e a esposa silenciosamente miserável de seu chefe (Emily Watson).
Norman é o sofredor mas devoto assistente de “Sir”, um outrora poderoso ator que desde então experimentou um severo declínio mental e físico, emergindo como irracional, ininteligível, irascível e inconsolável, às vezes tudo de uma só vez. Norman é a cola dedicada que o mantém unido, e ele passou tanto tempo com o ator que os dois desenvolveram uma codependência que se assemelha a um casamento assexuado de mentes.
O filme, ambientado durante a Segunda Guerra Mundial, mostra uma noite fatídica em sua companhia, quando uma performance do Rei Lear é realizada no meio de um ataque aéreo, com Sir lutando para se agarrar à relativa lucidez após uma completa confusão mental.
E, no entanto, é a relação entre Norman e Sir, e as cenas em que eles estão isolados, escorregando imediatamente para a cegueira fácil de dois homens que se conhecem além de qualquer medida, que ganham os holofotes. O longa eleva esses personagens, escritos desde o início com profundidade brilhante e veracidade dolorosa.
Disponível no @starz.
*Eduardo de Assumpção é jornalista e responsável pelo blog cinematografiaqueer.blogspot.com
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Twitter: @eduardoirib