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FELIZ MENTE

Chefe do Núcleo TransUnifesp explica avanços nas cirurgias para mulheres trans e travestis e alerta para profissionais suspeitos

Os procedimentos cirúrgicos são para travestis e transexuais sinônimo de qualidade de vida, alegria, adequação ao que elas acham que é beleza (é a única opinião que importa), saúde e, acima de tudo, dignidade. Por isso eles precisam ser feitos com segurança, capacidade de realização e uma equipe pronta para atender todas as necessidades dessa pessoa. Mas como ficar tranquila para realizar esses procedimentos, é possível estar serena para uma cirurgia tão importante?

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“Escolher um cirurgião que é registrado na Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) é o ponto mais importante”, responde prontamente Adriano Brasolin, cirurgião plástico membro da Sociedade e expert em Mama Lipo Face e Mamoplastia Masculinizadora Avançada e chefe do Núcleo TransUnifesp, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Beleza seria a harmonia. Porque os procedimentos devem ser realizados para dar ênfase à pessoa, não à cirurgia.

Ele ressalta ainda que é muito importante que a paciente tenha em mente: não há resultado igual ao corpo ou rosto de outra pessoa, a atuação é para valorizar e adequar o que ela já tem. “Este alinhamento entre a limitação da técnica e a expectativa é o que mais tem que ser conversado em uma consulta pré-operatória”, conta o CEO da Somos Clínica, de São Paulo, na entrevista a seguir:

Toda mulher trans ou travesti pode fazer os procedimentos? Ou é preciso fazer uma triagem, identificar possíveis impedimentos?

Primeiramente, avaliamos as indicações. Tanto para uma cirurgia de feminização facial, quanto de prótese de mama, lipoaspiração, prótese de glúteo. A gente tem que ver a real necessidade, se a paciente realmente tem indicação. Porque tem pacientes que têm o nariz mais delicado e, às vezes, não precisam fazer o nariz, se tem uma testa mais delicada não precisa fazer a redução da fronte. Primeiro de tudo é a indicação, ver se realmente a cirurgia trará benefícios, se expor a paciente à cirurgia vai trazer um resultado que ela goste, que traga mudança. O segundo ponto é sobre as condições clínicas da paciente. Ela precisa estar com uma saúde boa, estar dentro do peso, estar bem com a parte cardiológica, realizar alguns exames de sangue. Estando clinicamente bem, não tendo antecedentes de outras doenças que venham a reduzir a segurança da cirurgia, todas elas estão aptas. Fazemos essa triagem clínica com exames físicos, laboratoriais e radiológicos, quando for o caso.

Adriano: “a gente tem que ver a real necessidade, se a paciente realmente tem indicação”

O avanço das técnicas garante segurança e o resultado esperado? O que você pode dizer para as meninas que ainda possam ter algum tipo de receio sobre os procedimentos?

Primeiro seria escolher um cirurgião que é registrado na Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, é o ponto mais importante. Segundo é avaliar o histórico do profissional, ver os que as outras pacientes falam dele. Porque é muito fácil o profissional falar bem de si, ninguém faz propaganda contra. É muito interessante ver as avaliações de outras pacientes, como elas mostram seus resultados – já que o médico não pode mostrar antes e depois. Ele pode colocar uns resultados para comentar, discutir sempre de forma educativa, porém nunca pode colocar o resultado do antes e depois. Outro passo é escolher um lugar para operar que tenha segurança, um hospital, uma clínica, um local que tenha a retaguarda de uma UTI, sempre. Elas têm melhorado muito, tanto a técnica quanto os materiais utilizados para realizar a cirurgia. E garantem sim uma melhor segurança. Mas o resultado é um alinhamento entre a limitação da técnica e a expectativa da paciente. Toda cirurgia tem sua limitação, a gente só consegue melhorar o próprio corpo ou rosto da própria paciente, a gente não consegue entregar um outro corpo, um outro rosto que não seja o dela. Muitas vezes pedem o peito, a barriga de alguém, uma referência. Não, nunca vamos conseguir o resultado como o corpo de outra pessoa, a gente pode ter a intenção de ir em uma direção, mas nenhuma paciente tem um resultado igual à outra. Este alinhamento entre a limitação da técnica e a expectativa é o que mais tem que ser conversado em uma consulta pré-operatória.

O resultado é um alinhamento entre a limitação da técnica e a expectativa da paciente.

O tempo de recuperação também ficou menor com o avanço da ciência?

Antigamente a gente tinha um tempo de recuperação onde a paciente ficava internada vários dias, hoje a maioria das pacientes pode ir embora no mesmo dia ou, no máximo, no dia seguinte. Têm avançado muito as técnicas medicamentosas, cirúrgicas, os equipamentos. Tudo isso tem dado uma recuperação mais rápida, mas é óbvio que o corpo tem um limite, o corpo tem um tempo próprio de cicatrização. Então a gente exige os cuidados pós-operatórios da paciente e o tempo necessário para cada cirurgia.

“É muito interessante ver as avaliações de outras pacientes, como elas mostram seus resultados.”

Quais são os procedimentos mais procurados pelas suas pacientes?

Os mais procurados são inclusão de prótese de mama, rinoplastia, a redução da fronte com feminização facial e existe outra cirurgia, esta eu realizo apenas acompanhado de um cirurgião bucomaxilo, que é a redução do queixo e do contorno da mandíbula. Outra cirurgia que é muito rápida e muito boa, e traz um ótimo aspecto, é a do pomo de adão, a redução da cartilagem que dá o gogó, um aspecto masculino. Ela é bem rápida e fácil de fazer, tem um baixo índice de complicação. Mas a mais comum é mesmo a de inclusão de próteses mamárias. Mesmo com a utilização de hormônios, o crescimento mamário é limitado. Como a mama é um símbolo de feminilidade, de sexualidade, maturidade, costuma ser uma das primeiras que elas gostam de fazer. É muito fácil, muito boa de fazer e com baixo índice de complicação.

“Outro passo é escolher um lugar para operar que tenha segurança, um hospital, uma clínica, um local que tenha a retaguarda de uma UTI, sempre.”

O que é a beleza para você?

Beleza seria a harmonia. Porque os procedimentos devem ser realizados para dar ênfase à pessoa, não à cirurgia. Quando uma pessoa olha para a outra e diz ‘você fez tal cirurgia’ é porque ela não foi bem feita. A pessoa tem que olhar e falar ‘você está diferente, você está melhor’ e não saber o que é. É o que traz o equilíbrio, a harmonia para a própria pessoa, e não resultados super marcantes que denotam uma cirurgia plástica.

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1 Comments
  1. Bruna Clara

    19/02/2023 23:44

    Conteúdo para ser compartilhado! Poucas pessoas tem acompanhado essas informações.

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