Cate Blanchett brilha de forma impressionante protagonizando a ascensão e queda de Lydia Tár
Por Eduardo de Assumpção*
“Tár” (EUA, 2022) Cate Blanchett está magnífica no indicado ao Oscar, ‘Tár’, de Todd Field. A atriz brilha de forma impressionante, protagonizando a ascensão e queda, de Lydia Tár, a primeira mulher da história a se tornar diretora em Berlim de uma das orquestras mais importantes do mundo, uma estrela internacional.
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Acima de tudo, no entanto, o mundo de Tár, organizado tão firmemente por sua assistente Francesca (Noémie Merlant), à primeira vista está desmoronando: seu casamento com sua primeira violinista Sharon (Nina Hoss) está esfriando lentamente. Sua filha Petra (Mila Bogojevic) é provocada na escola. Uma jovem musicista que já foi promovida por Tár e depois demitida tirou a própria vida.
Ela também é assombrada por ruídos misteriosos. E então Olga (Sophie Kauer), uma violoncelista da Rússia, se junta à orquestra e exerce um fascínio incrível na maestra desde o primeiro segundo. Os diálogos extremamente cuidadosamente escritos por Field são fortes e sempre parecem autênticos por causa do jogo cativante e envolvente de Cate Blanchett.
A protagonista oscila habilmente entre os gestos realmente grandes e a representação extremamente reduzida de uma mulher que usa uma armadura porque não quer mostrar qualquer fraqueza em público. Tudo se desenrola de forma muito linear entre alguns belos vislumbres de Berlim, a sala de concertos de ensaios e sobretudo as intrigas e laços entre mulheres, com Lydia ao centro, inconformista e narcisista.
Entre púlpitos, ensaios, partituras, audições, entradas e saídas do palco de personagens menores, Lydia Tar é uma mulher fora do comum que, ao arredondar o equilíbrio e o desequilíbrio, nunca se refugia atrás da rede do politicamente correto e às vezes tende desafiar o conformismo com agressividade.
O clima sutilmente claustrofóbico do filme vem diretamente de Blanchett, que usa todos os aspectos de sua fisicalidade, seu figurino, seus gestos, o estilo de seu cabelo, para encarnar as crescentes e os diminuendos deste conto áspero de advertência entre gênio e crueldade e um ego imponente e monstruoso. Reverenciada por todos, desejada por muitos, mas amada, talvez, apenas por ela mesma.
Nos Cinemas.
*Eduardo de Assumpção é jornalista e responsável pelo blog cinematografiaqueer.blogspot.com
Instagram: @cinematografiaqueer
Twitter: @eduardoirib