“Are You Proud?” faz tentativa ambiciosa de conectar os pontos, diferenças e intersecções queer

Por Eduardo de Assumpção*

“Are You Proud?” (Reino Unido, 2019) Este documentário, dirigido por Ashley Joiner, é uma tentativa ambiciosa de conectar os pontos, diferenças e intersecções com as quais vivemos e trazemos em nossas bagagens históricas como pessoas queer, nos fazendo um questionamento. Quanto mais para trás o filme vai, mais ele é capaz de discernir claramente conexões históricas distintas.

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Uma linha do tempo é criada com relações causais estabelecidas entre os eventos que acontecem nos movimentos de direitos civis nos EUA, a batalha de Stonewall, o desenvolvimento da Libertação Gay e as mudanças legislativas no Reino Unido. Cada cor do arco-íris recebe alguma luz. Questões de gênero, raça, classe, habilidade, status de imigrante têm um momento e uma voz.

A conclusão é que a igualdade não se conquista sem que se ganhe para todos. O filme de Joiner aparece como uma conjunção de dois fios narrativos separados. Começa como a história que ele mergulhou ao tocar em elementos-chave no Reino Unido: o Relatório Wolfenden de 1957, a Frente de Libertação Gay, a primeira marcha do Orgulho Gay em Londres (1972), a reação contra a legislação anti-gay na Seção 28 da Lei do Governo Local, de 1988, de Margareth Thatcher.

O segundo fio é a ênfase do filme na marcha do Orgulho de Londres de 2016, após o que ele se amplia para refletir o cenário atual e o massacre da boate Pulse, em Orlando. A crítica de que as marchas do Orgulho LGBTQIA+, outrora políticas, se tornaram mercado não é ignorada, assim como são reconhecidas as desvantagens em períodos anteriores.

O que a mistura do filme traz e o que dá a ‘Are You Proud?’, seu caráter distintivo é sua ênfase na medida em que o pessoal é político. Essas críticas ao fato de o Pride se tornar muito comercializado encorajam a sensação de que o aspecto político da história gay na Inglaterra desapareceu ao longo dos anos.

O filme ousadamente inclui um porta-voz do Orgulho Negro que sugere que o movimento LGBT tem sido muitas vezes um movimento branco onde as pessoas negras são marginalizadas.

*Eduardo de Assumpção é jornalista e responsável pelo blog cinematografiaqueer.blogspot.com

Instagram: @cinematografiaqueer

Twitter: @eduardoirib