Bruno Capinan se joga no mundo para levar sua música cheia de liberdade, mas ainda tenta vencer barreiras no Brasil

Conversamos com o cantor e compositor de 36 anos Bruno Capinan, libriano com ascendente em Leão e lua em Aquário que nos contou sobre sua trajetória na arte desde os primeiros passos no teatro em Salvador, aos 12 anos de idade, até a composição de suas primeiras canções com apenas 14 anos. Ele começou no último dia 15 uma turnê que já passou por Alemanha e Espanha, chega hoje à Irlanda e segue para Inglaterra, Canadá e Estados Unidos.

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Bruno compartilhou suas experiências na produção musical no cenário internacional, destacando a sorte de ter patrocínio do governo canadense, que lhe proporcionou total autonomia criativa para gravar suas músicas. No entanto, ele também mencionou algumas dificuldades em cantar em Português e encontrar espaço para circular suas obras no Brasil, especialmente em sua terra natal, Salvador.

Comecei no Teatro em Salvador com 12 anos de idade. Depois com 14 anos comecei a compor, caminhando pela rua.

Para o futuro, Capinan tem projetos ambiciosos, incluindo a gravação de um disco de intérprete, um álbum com canções autorais em inglês e uma tour acústica, estilo João Gilberto, com um toque bem gay. Ele conta tudo na entrevista a seguir:

Como a Arte entrou na sua vida?
Comecei no Teatro em Salvador com 12 anos de idade. Depois com 14 anos comecei a compor, caminhando pela rua. Eu lembro que estava tentando fugir do sol, encontrar uma sombra, e do nada veio a minha primeira canção, letra e música, tudo junto. Mas, comecei a cantar no banheiro com as panelas da minha mãe na cabeça, assim como a Gal começou, e eu fingia que estava num estúdio de gravação com 10 anos de idade.

Quais as principais dificuldades de produzir música hoje no cenário internacional?
Eu tenho tido a sorte de produzir meus discos com patrocínio do governo canadense, por conta da minha dupla cidadania, o que me dá total autonomia para gravar o que eu quiser, tenho full control de escolha do que vou cantar. Talvez a maior dificuldade seria cantar em Português, e às vezes não circular tanto no Brasil. Parece que o Brasil menospreza a música produzida fora do Brasil, embora meus discos tenham sido gravados com grandes músicos brasileiros, como Bem Gil e Domenico Lancellotti, discos extremamente influenciados pelo Brasil atual. Eu circulei por festivais na Europa, Japão, Estados Unidos, África, Canadá, mas no Brasil ainda encontro dificuldades para circular, principalmente na minha terra natal, Salvador.

“Talvez a maior dificuldade seria cantar em Português, e às vezes não circular tanto no Brasil.”

A representatividade na música tem avançado como poderia? O que pode ser feito para incentivar essa representatividade?
União. Acho que a minha geração, talvez por sermos da geração das redes sociais, ainda não entendeu de fato essa questão da representatividade, e podemos cair em uma armadilha. Uma pessoa não-binárie como eu, trans e não-binaria como Filipe Catto por exemplo, não devem ser consideradas menos MPB, ou menos respeitadas. No meu caso, eu não aceito que me rotulem dentro da indústria. Eu canto sobre amor, sobre as minhas relações amorosas, e sinto que qualquer pessoa pode se identificar com as minhas canções, assim como eu me identifico com as canções do Jorge Ben e da Marisa Monte. Mas, respondendo a sua pergunta de forma mais direta, temos que continuar cantando a nossa verdade e continuar existindo. Não da maneira que a sociedade tenta ditar, mas nos reinventando.

Quais são as artistes que te inspiram?
Gal, Elza Soares, Bjork, Lhasa de Sela, Nina Simone, Feist, Cesaria Évora, Mãeana, Catto, Juçara Marçal, Chico Cesar, Djavan, entre tantos outros.

“Acho que minha mensagem pro mundo é viver com autenticidade.”

Qual a mensagem que você quer passar para o mundo?
Acho que minha mensagem pro mundo é viver com autenticidade. Seja você, perfeita ou não, somos todos perfeitos. Pegue o medo, guarde dentro de uma gaveta, jogue a chave fora, e vá viver a sua verdade, seja ela qual for.

Toda em turnê!!!!

Quais os projetos para o futuro?
Vou gravar um disco de intérprete, outro de canções autorais inteiramente in English, e fazer uma tour voz e violão estilo João Gilberto, porém bem GAY.

Agora me conta seu maior sonho!
Meu maior sonho é ficar amiga da Beyoncé.

Fotos: Anthony Gebrehiwot