O Protocolo de Montreal de 22 de agosto de 1972: protegendo a camada de ozônio e o futuro da Terra

Em 22 de agosto de 1972, um evento significativo ocorreu na história ambiental global que moldaria o futuro do planeta Terra e a maneira como lidamos com as ameaças à nossa atmosfera. Nesse dia, 28 países assinaram o Protocolo de Montreal, um tratado internacional inovador projetado para proteger a camada de ozônio, regulando a produção e o uso de substâncias que estavam contribuindo para sua destruição.

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Este marco histórico marcou o início de uma colaboração internacional notável e serviu como modelo para enfrentar desafios ambientais globais. Para entender a importância do Protocolo de Montreal, é essencial compreender a ameaça à camada de ozônio.

A camada de ozônio é uma região da estratosfera que contém uma concentração relativamente alta de moléculas de ozônio (O₃). Ela desempenha um papel crítico ao absorver grande parte da radiação ultravioleta prejudicial do sol, protegendo a vida na Terra de danos causados pela exposição excessiva a essa radiação.

Na década de 1970, cientistas começaram a detectar evidências de que substâncias químicas artificiais, conhecidas como clorofluorocarbonos (CFCs), estavam se acumulando na atmosfera. Os CFCs eram amplamente utilizados em produtos de consumo, como refrigeradores, sprays de cabelo e sistemas de ar condicionado.

O problema era que, quando liberados na atmosfera, esses compostos químicos eventualmente alcançavam a estratosfera, onde eram decompostos pela radiação ultravioleta, liberando cloro. O cloro, por sua vez, reagia com o ozônio, destruindo-o.

O protocolo estabeleceu metas ambiciosas para a eliminação gradual dos CFCs e outras substâncias que degradam a camada de ozônio

À medida que a pesquisa avançava, ficou claro que a depleção da camada de ozônio era uma ameaça séria. Os cientistas previram que a diminuição da camada de ozônio levaria a um aumento na incidência de câncer de pele, danos aos ecossistemas marinhos, às colheitas e à saúde de animais e humanos.

Caminho para o Protocolo de Montreal

A conscientização sobre a ameaça à camada de ozônio levou à ação internacional. O processo que levou à assinatura do Protocolo de Montreal foi marcado por anos de pesquisa, negociações diplomáticas e sensibilização pública.

Em 1974, os Estados Unidos proibiram a utilização de CFCs em sprays aerossol, tornando-se o primeiro país a adotar medidas significativas para reduzir a emissão desses compostos. Este movimento pioneiro ajudou a impulsionar a conscientização global sobre a questão.

Cientistas previram que a diminuição da camada de ozônio levaria a um aumento na incidência de câncer de pele, danos aos ecossistemas marinhos, às colheitas e à saúde de animais e humanos.

Em 1985, o Conselho Internacional de Ciência (ICSU) e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) emitiram um relatório conjunto que destacava a gravidade da situação e pressionava por ações mais amplas e coordenadas.

Sucesso

Finalmente, em 16 de setembro de 1987, o Protocolo de Montreal foi aberto para assinatura em Montreal, Canadá. O protocolo estabeleceu metas ambiciosas para a eliminação gradual dos CFCs e outras substâncias que degradam a camada de ozônio.

Além disso, criou um cronograma rigoroso para a redução da produção e consumo dessas substâncias, bem como mecanismos de financiamento para apoiar os países em desenvolvimento em suas transições para alternativas mais seguras.

O Protocolo de Montreal rapidamente ganhou adesão global e tornou-se um modelo para a cooperação internacional na resolução de questões ambientais. Um dos aspectos mais notáveis desse acordo foi sua capacidade de adaptação e evolução. Nos anos seguintes, emendas e ajustes foram feitos para acelerar a eliminação de substâncias nocivas à camada de ozônio, mostrando uma abordagem flexível e orientada para resultados.

Os CFCs eram amplamente utilizados em produtos de consumo, como refrigeradores, sprays de cabelo e sistemas de ar condicionado

O Protocolo é amplamente considerado um dos tratados ambientais mais bem-sucedidos da história. Os resultados são notáveis:

Recuperação da Camada de Ozônio: a ação global tomada sob o Protocolo de Montreal teve um impacto positivo na camada de ozônio. A recuperação gradual da camada de ozônio já está sendo observada, com previsões otimistas para a restauração completa nas próximas décadas.

Colaboração Internacional: o Protocolo de Montreal demonstrou que a cooperação internacional é fundamental para resolver desafios ambientais globais. Ele estabeleceu um precedente para a ação conjunta em questões cruciais, como as mudanças climáticas.

Inovação Tecnológica: O protocolo incentivou a pesquisa e o desenvolvimento de alternativas mais seguras aos CFCs, impulsionando a inovação tecnológica em diversos setores.

O Brasil é um dos países signatários do Pacto.

Embora o Protocolo de Montreal tenha sido um sucesso notável, ainda existem desafios a serem enfrentados. A implementação efetiva do protocolo em todos os países, especialmente em nações em desenvolvimento, continua sendo uma preocupação. Além disso, a gestão de substâncias químicas emergentes que também podem afetar a camada de ozônio é um desafio em evolução.

No entanto, o Protocolo de Montreal de 22 de agosto de 1972 oferece lições valiosas. Ele demonstra que a ação global é possível quando a ciência, a diplomacia e a conscientização pública se unem. Além disso, serve como um lembrete de que, diante de ameaças ambientais sérias, a prevenção é mais eficaz e mais barata do que a correção.