Brasil Registra 214 assassinatos de LGBTQIA+ em 2023
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública revelou que 214 pessoas homossexuais ou transexuais foram assassinadas no Brasil em 2023. Esse número representa um aumento de 42% em relação a 2022, quando foram registradas 151 mortes. O levantamento foi feito com base nos dados das polícias estaduais. Os estados com o maior número de casos foram Ceará (44), Maranhão (34) e Minas Gerais (32). O Ceará também apresentou a maior taxa de ocorrências por 100 mil habitantes, com 42 casos.
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Juliana Brandão, pesquisadora sênior do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, destacou que muitos estados não compartilharam dados sobre o tema, o que pode gerar subnotificação e dificultar a real compreensão do problema. São Paulo, por exemplo, afirmou não possuir essa informação.
Brandão reforça a necessidade de cooperação policial no enquadramento correto dos casos de violência contra pessoas LGBTQIA+. Segundo ela, se um crime não for reconhecido como fruto de homofobia no boletim de ocorrência, isso gera outra camada de subnotificação.
A capital paulista registrou um caso emblemático em junho de 2023, quando Leonardo Rodrigues Nunes, 24, foi assassinado após marcar um encontro por meio de um aplicativo de relacionamento para homens gays. O Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) negou a motivação homofóbica no caso, mas a mãe da vítima, Adriana Rodrigues, acredita que seu filho foi morto por ser gay.
Além dos homicídios, houve aumento nos registros de lesões corporais e estupros contra pessoas LGBTQIA+. Em 2023, os casos de lesão corporal aumentaram 21%, passando de 3.024 em 2022 para 3.673. Já os registros de estupro subiram 40,5%, indo de 252 para 354.
Minas Gerais (596), Pernambuco (585) e Ceará (498) lideraram em episódios de lesão corporal. Quanto aos estupros, Mato Grosso do Sul (57), Pernambuco (50) e Minas Gerais (40) foram os estados com mais registros.
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública também observou um aumento significativo nos casos de injúria por homotransfobia, enquadrados na lei do racismo. Em 2022, foram 783 ocorrências, enquanto em 2023 o número saltou para 2.090, um aumento de 88%.