Erro sobre quadro na abertura da Olimpíada mostra vitória do Cristianismo

O erro mundial em torno do quadro representado na abertura das Olimpíadas 2024, em Paris, mostra uma vitória do Cristianismo. Ao afirmar que era “A Santa Ceia”, de Leonardo Da Vinci, repetimos atos comuns do início dessa religião, quando estátuas de Apolo eram derrubadas na Grécia, dando espaço para a emergente figura de Jesus.

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O quadro representado na abertura das Olimpíadas, com uma configuração totalmente queer, é “A Festa dos Deuses”, de Jan van Bijlert, que traz justamente o deus Apolo ao centro. Em cima da mesa estava, pintado de azul, Dionísio. A influência cristã no mundo todo é tão forte que colocamos o deus do vinho como um possível frequentador do mais famoso jantar cristão. Era Dionísio, não um cálice.

Tomados de emoção por ver mulheres trans, drag queens, lésbicas, gays, não-bináries e mais todo tipo de diversidade, colocamos nosso cérebro para buscar a primeira referência daquela cena. E foi a Santa Ceia, muito mais nova na História da humanidade do que Dionísio.

Zeus não parece ter vez contra Jesus.

Banquetes são na mitologia grega uma forte tradição, é um momento de celebração e, no quadro realmente representado, de diversidade desses próprios deuses. Platão tem um livro com o mesmo nome, maravilhoso, inclusive, falando sobre conhecimento. Dante Alighieri também.

Mas Jesus continua sendo medalha de ouro no imaginário humano. Conseguiu apagar das referências, ou pelo menos colocar em segundo lugar, figuras muito mais antigas que ele. Basta pensar que vivemos em um mundo que conta os dias e anos “depois de Cristo”.

Foi um erro geral que serviu apenas para alimentar conservadores, essas pessoas que vivem de incentivar ódio, polêmicas, tudo para manter um rebanho cheio de cordeiros de Deus. Serviu também como lição, mais uma, sobre responsabilidade na informação, respeito ao público.

A influência cristã no mundo todo é tão forte que colocamos o deus do vinho como um possível frequentador do mais famoso jantar cristão.

Ninguém parece ter escapado desse erro. Colunista da “Folha de S. Paulo”, Luiz Felipe Pondé escreveu um artigo em cima da ideia de que foi a Santa Ceia o quadro representado. Aproveitou o texto cheio de certezas (dele) para misturar com Islamismo e inflar conflitos religiosos. Jesus derrubou até mesmo Alá!

O Cristianismo está agora comemorando um de seus mais importantes resultados, digno de medalha de ouro. Até mesmo quando tentam falar mal dele não dá certo. Tornou-se o assunto do momento sem nem fazer parte da história. Zeus não parece ter vez contra Jesus.