Movimento social no Distrito Federal é liderado por casal de lésbicas evangélicas

Por Artur Vieira*

A percepção que ajudar ao próximo está muito além das quatro paredes de um templo religioso tem feito a igreja Cidade de Refúgio Brasília, no Distrito Federal, tomar a iniciativa de fazer um mapeamento mensal de cada ação a ser tomada dentro da igreja. Seja nesse período onde as temperaturas caem e pessoas em situação de rua precisam de agasalhos ou em datas comemorativas como no mês de outubro, quando se comemora o Dia das Crianças e é feita uma campanha para distribuição de brinquedos e atividades voltadas para alegrar o dia dos pequenos mais carentes.

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Esse movimento de ação social é liderado por duas mulheres lésbicas que há 6 anos estão à frente da liderança da igreja: Daniela Santos, brasiliense de 47 anos, ao lado de sua esposa, Karinny Pessoa. Juntas com muito empenho, acreditam que o evangelho é inclusivo por si só, e desenvolvem um trabalho de acolher pessoas da comunidade LGBT+ em sua igreja evangélica. Nesses anos elas têm feito um trabalho não apenas de cunho espiritual, mas também emocional, ao ajudar também várias pessoas a superarem traumas e feridas causadas pela exclusão.

“A nossa maior dificuldade não é pelo fato de sermos mulheres à frente de uma igreja, mas sim pelas pessoas que nos procuram estarem tão machucadas e feridas”, comenta Daniela.

Numa religião costumeiramente liderada por homens, o habitual não tornou a ação desse casal de mulheres incapaz, pelo contrário, sem se preocupar com o preconceito, as duas têm feito a diferença no Distrito Federal ao realizar mensalmente ações voltadas para os mais vulneráveis.. E cada mês é uma atividade diferente, que vai desde distribuição de alimentos, arrecadação de agasalhos e roupas; como também visitas a hospitais, asilos e creches.


Além de disponibilizar o próprio espaço (bem grande, por sinal) do seu templo religioso para fazer atividades voltadas para crianças e colocar vários brinquedos para a garotada aproveitar um dia inteiro de brincadeiras e diversão.

E esse protagonismo e destaque que a igreja assumiu em Brasília tem rendido bons frutos, já que 60 famílias são atendidas mensalmente com esse projeto social feito pela igreja de forma voluntária e interna, contando com a ajuda apenas dos membros; já que elas não recebem a colaboração do governo para isso.

“Nós devemos, como cristãos, começar a olhar mais para as necessidades do próximo, e isso vai muito além de levar uma comida ou brinquedo. Acolhimento começa primeiro com a escuta e o abraço”.

Daniela reconhece que a mobilização desse projeto só é possível todos os meses devido à colaboração e auxílio efetivo dos seus membros, que de forma bastante participativa fazem com que cada ação seja extremamente viva e pulsante. Ela mesma admite que cada pessoa de sua comunidade de fé é sempre disponível e participativa, o que tem feito esse sucesso em números de arrecadação e famílias beneficiadas.

Ao ser questionada sobre qual mensagem ou recado gostaria de deixar para a comunidade LGBT+, Daniela Santos foi enfática ao dizer o quão está de braços abertos para receber aqueles que se sentiram excluídos devido a sua sexualidade ou identificação de gênero. E reforça que o espaço da CR Church Brasília está de portas abertas para acolher as pessoas e famílias que demonstram o desejo de ter um lugar para pertencer.

O exemplo dessa igreja no Distrito federal nos traz a uma reflexão de como outras poderiam também se inspirar e começar da mesma forma esse modelo de trabalho social dentro de seus templos. Afinal de contas, promover as palavras sagradas do evangelho está muito além de um discurso fervoroso no púlpito ou canções que falam de amor ao próximo sem uma efetiva atitude para quem precisa.

Para conhecer e ajudar o projeto social entre em contato via Instagram: @cr_brasilia

*Artur Vieira é um cristão, gay e jornalista que trabalha com o público LGBT+ desde 2013 na internet com o perfil @devoltaaoreino.