UFRRJ vai debater cotas para pessoas trans e travestis na graduação
A Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, UFRRJ, poderá ser a primeira do estado fluminense a aprovar reserva de vagas para pessoas trans e travestis. A universidade tornou público nesta semana o cronograma de debates sobre a reserva de vagas. Poderão ser feitas sugestões para o documento, por meio de formulário, até o dia 31 de agosto. Até o momento, 14 universidades públicas brasileiras adotam a política afirmativa na graduação.
Leia também:
Professora da UFPI pede mais pesquisas sobre o universo queer
Universidade Federal de Sergipe terá que indenizar vítima de transfobia, decide tribunal
Segundo a UFRRJ, a implementação das cotas vai ampliar a diversidade e a representatividade no ambiente acadêmico. A reserva prevista é de 3% das vagas de graduação, por curso e turno, por período letivo. A presidenta da associação nacional de travestis e transexuais, Bruna Benevides, avalia a medida como extremamente positiva.
“Ela demonstra o reconhecimento das violações sistemáticas em relação ao processo de formação educacional da comunidade trans, que vem sendo expulsa das escolas e do ambiente educacional devido à falta de ações para enfrentar a transfobia, a transfobia, inclusive, institucional”.
Ela também destaca que as cotas são importantes não apenas para a inclusão no ambiente escolar, mas também para facilitar a empregabilidade.
“Nós temos um desafio para a garantia da empregabilidade para pessoas trans e travestis. E quando essas pessoas são alijadas do ambiente educacional desde a formação básica, quando a gente pensa no ensino superior, isso se torna ainda mais grave, porque essas pessoas não estão tendo a possibilidade de disputar os postos de trabalho enquanto classe trabalhadora de forma proporcional”.
Triz Fernandes Penna é integrante do Coletivo Trans da UFRJ e ressalta que o desafio não é apenas entrar na universidade, mas se manter nela. “Existe, sim, muita dificuldade para o ingresso e principalmente para se manter na faculdade. É difícil a gente conseguir assim professores que nos respeitem, professores que nos vejam como o gênero que nós somos, que nos tratem corretamente com os nossos pronomes”.
O documento também prevê que os candidatos devem realizar provas do Enem e se inscrever por meio de autodeclaração. No ato da matrícula deverá ser apresentado o RG com o nome social ou certidão de nascimento retificada no Cartório de Registro de Nascimento.
A UFRRJ também destaca que, se apurada a existência de fraude, a matrícula do estudante será cancelada. O documento descreve como transexuais e travestis “aqueles/aquelas cujas identidades de gênero divergem da organização societária binária sexual e de expressão social cisheteronormativa”.