As cores em movimento da pastora lésbica Priscila Coelho
Por Artur Vieira*
Em um cenário muitas vezes marcado por tradições conservadoras, uma jovem pastora lésbica tem se destacado como uma voz de mudança e inclusão no meio evangélico mineiro. Com apenas 40 anos, Priscila Coelho tem desafiado estereótipos e preconceitos, promovendo uma mensagem de amor e aceitação em sua Comunidade da Gente.
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Sua trajetória, marcada por coragem e fé – principalmente por passar anos dentro da Igreja Batista da Lagoinha, (conhecida pelas falas homofóbicas e transfóbicas principalmente do seu líder presidente André Valadão), da qual se desligou no ano passado por não concordar mais com a visão da igreja.
Priscila não apenas inspira outros jovens a se aceitarem, mas também abre espaço para um diálogo mais amplo sobre diversidade e espiritualidade com seu Movimento Cores que a cada dia ganha visibilidade nacional e internacional devido ao seu trabalho em prol da comunidade LGBT+. Nesta matéria, exploraremos como ela está transformando a percepção do papel da mulher e da diversidade sexual no contexto religioso, e como sua liderança está fazendo a diferença na vida de muitos jovens.
“Com toda certeza não tenho a mesma linha de pensamento do André Valadão, descobri novas perspectivas teológicas e desde então me aprofundei em estudos e nessas perspectivas e decidi me desligar da visão da Lagoinha”, desabafa Priscila.
Se no passado ela defendeu o discurso que as pessoas poderiam ser LGBT+, porém não podiam praticar e deveriam ser “celibatárias” (estilo de vida que não inclui casamento, relacionamento afetivo, abstendo assim de práticas sexuais), hoje é totalmente diferente dessa pastora que em 2013 usava esse discurso em pregações, entrevistas e canais de tv. Hoje afirma com veemência que seu discurso mudou completamente, dizendo com certeza que os LGBT+ podem ser cristãos e praticar. Garantindo que as vivências das pessoas LGBT+ ao seu redor humanizaram seu olhar em relação à bíblia.
Tanto que possui um treinamento anti-fundamentalismo em prol dos direitos da comunidade Queer – e oferece essa ação de ensino para outras igrejas ou instituições que queiram se preparar de uma forma mais inclusiva e alicerçada a fundamentos que abranjam a diversidade humana.
“Me sinto honrada e com bastante responsabilidade e orgulho por ser uma referência para os LGBT+”.
Questionada sobre quais são atualmente suas referências de lideranças evangélicas, ela foi categórica em citar e priorizar algumas mulheres que a inspiram como: Odja Barros, Karen Colares e Lanna Holder. Algo que achamos bastante plausível, principalmente se tratando do meio evangélico brasileiro que é tão machista e patriarcal.
Ao final dessa entrevista, Priscila Coelho fez questão de reforçar seu pedido de perdão à comunidade LGBT+ devido a algumas falas suas no passado. Como um jornalista que acompanha há anos o segmento religioso evangélico, foi perceptível que nossa comunidade tem hoje uma grande aliada pelos nossos direitos e principalmente está de mãos dadas com todos os que são marginalizados e excluídos pela visão arcaica da igreja evangélica tradicional.
*Artur Vieira é um cristão, gay e jornalista que trabalha com o público LGBT+ desde 2013 na internet com o perfil @devoltaaoreino.
Darleson
08/11/2024 21:01
Só quem é LGBTQIAP+ vai entender o tamanho da diferença que isso nos faz.