Ezatamentchy lamenta profundamente a morte de Michelly Longo, uma de suas primeiras colunistas trans

É com um profundo pesar que recebemos a triste notícia da morte de Michelly Longo, uma das primeiras colunistas trans do universo Ezatamentchy. Baiana, mulher de axé, de sorriso largo, voz doce, olhos brilhantes e uma vontade admirável de viver. A morte aos 41 anos em decorrência de problemas cardíacos foi comunicada na segunda-feira, 13 de janeiro.

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Durante os tempos tenebrosos da pandemia de Covid, em 23 de outubro de 2020, Michelly – para nós, a Chelly – estreou todo seu potencial de colunista na Ezatamag com a coluna “Eu Sou a Michelly”, onde ensinou: “nunca desista de você, basta ir em busca dos seus objetivos sem abrir mão das oportunidades, sejam elas boas ou ruins, você só saberá se valerão a pena com o tempo”.

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Queremos falar por nós mesmas, queremos o nosso local de fala por direito e vamos lutar sempre por isso

Foi realmente um começo:

“No dia 8 de abril de 1983 nasceu essa pessoa que vos fala, na época diziam que era um menino (sabiam de nada, inocentes), ali começou a minha caminhada, sou de família circense e até os meus 2 anos mais ou menos vivi em um circo, literalmente, do qual meu saudoso avô era o dono. Meu pai conta que aos 2 anos eu já demonstrava feminilidade, quando entravam as garotas dançando rumba eu retirava a camiseta, colocava na cintura e subia no picadeiro, ali já estava escrito, porém as pessoas levam como ‘brincadeira de criança’ e acham apenas engraçado.”

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“Ali já estava escrito, porém as pessoas levam como ‘brincadeira de criança’ e acham apenas engraçado.”

Chelly escrevia muito bem, de forma clara, direta, informativa e com opiniões cheias de bons argumentos. Em 14 colunas escritas para Ezatamag, foi capaz de abordar a pandemia, a vacina, exploração de corpos trans pela televisão, o auxílio-emergencial, o corpo trans como fetiche e a fofura que foi conhecer a sogra.

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E depois de imunizadas, quem se preocupa em tirar nós pessoas trans do calabouço ao qual somos atiradas todos os dias?

Quantas mais precisam morrer ou serem agredidas pra fazer jus à visibilidade?

Foi ganhando mais espaço e conseguiu uma publi maravilhosa com uma marca de cosméticos e, claro, usou e abusou do nosso espaço nas redes, porque sempre foi tudo dela. E sempre continuará a ser tudo delas. Fica uma saudade imensa, um vazio no debate nas redes e a lembrança de uma mulher linda no visual e no astral.