A maternidade lésbica em 2025, a história de Josy e Carla
Por Artur Vieira*
A trajetória desse casal ganhou visibilidade nacional em 2023, na série “Vestidas de Amor”, exibida pela GloboPlay e GNT. A produção retratou diferentes formas de afeto e formação familiar, trazendo aos holofotes a história de Josy: 41 anos, psicanalista; e Carla: 43, gerente comercial. Mas a notoriedade conquistada na mídia não blindou a família da realidade: o preconceito ainda persiste decido a ‘haters” na internet — e atinge até mesmo os mais jovens.
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“Nossa filha caçula só tem uma amiguinha. Quando outras famílias descobrem que ela tem duas mães, os convites desaparecem, os laços são cortados”, relata Josy, com a voz embargada. Em pleno 2025, a maternidade lésbica ainda é vista com desconfiança por muitos, como se fosse uma ameaça ao desenvolvimento saudável das crianças.

Receios de mãe
O preconceito se manifesta em forma de sugestões não solicitadas como questionamentos do tipo “Vocês já pensaram em levar ela ao psicólogo ou psiquiatra? Só pra garantir que ela entenda bem essa estrutura familiar?”. Perguntas como essas, aparentemente bem-intencionadas, escondem um julgamento cruel. Não bastasse isso, o casal já precisou mudar a filha de escola, mais de uma vez, devido à lesbofobia.

Sim, o país que mais mata pessoas LGBT+ também as adoece — inclusive crianças — não por serem quem são, mas por serem vítimas de uma intolerância que não respeita nem a infância.
Mas Letícia, a filha caçula, aprendeu cedo a se proteger. Com apoio e diálogo dentro de casa, ela se tornou firme, articulada e corajosa.
“Sempre tive medo do preconceito que minha filha poderia enfrentar, mas ela é um escudo. Não se dobra ao fundamentalismo”, diz Josy, com orgulho.
Punho firme das mulheres
A educação das filhas é prioridade para Josy e Carla — uma educação baseada em valores, respeito e liberdade. E isso também vale para a espiritualidade. Pastoras e líderes da Igreja Evangélica LGBT Família Church – Porta das Ovelhas, com sedes em São Paulo (SP) e no Rio de Janeiro (RJ), o casal acredita na fé como ferramenta de inclusão, não de exclusão. “A escolha espiritual das nossas filhas é livre. Não impomos nada. Sabemos o que é viver sob a pressão hipócrita de uma sociedade que se diz moralista.”
Neste Dia das Mães, a história de Josy e Carla é um lembrete poderoso: maternidade é, acima de tudo, amor, coragem e presença. E essa, definitivamente, não é uma maternidade comum — é uma maternidade revolucionária e real. As multiformas de uma construção familiar não se limitam a padrões estipulados.
*Artur Vieira é um cristão, gay e jornalista que trabalha com o público LGBT desde 2013 na internet com o perfil @devoltaaoreino
Rebeka
09/05/2025 22:50
Pastoras são referência do amor e cuidado de Cristo.