ONU, Greta, Macron e o Niltex querem salvar o meio ambiente, mas há quem critique

A reunião da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta semana, em Nova York, reuniu líderes do mundo todo para discutir o futuro do planeta – ou a falta de um futuro caso não sejam tomadas as medidas necessárias para frear as mudanças climáticas. Mas a grande estrela foi a menina de 16 anos Greta Thunberg, ícone em ascendência que utiliza o sólido argumento de “vocês roubaram meu futuro”. E tá errada?

E não é que teve gente (inclusive famosa) criticando a ativista? Logo se levantou uma onda de críticas onde duvidar da sinceridade de Greta era a regra. Alguns simplesmente dizem “não engulo” e não explicam seus argumentos. Outros usam as ondas do rádio e da televisão para chamá-la de histérica – deixando claro que o machismo está guiando essa crítica. Se fosse um menino…

Enquanto nosso presidente fazia um discurso para o mundo todo, mas apenas focando no que o seu nem tão crítico eleitorado queria ouvir, seguido pelo desastroso Donald Trump, Greta mobilizava pessoas em ações reais como as “Fridays For Future”, as sextas pelo futuro – com direito à greve estudantil pelo clima e protestos pelo mundo todo.

Dentro da sede da ONU, esse discurso de cuidado e consciência minimizado pelo presidente brasileiro encontrou eco em um dos mais críticos povos do mundo, os franceses. Emmanuel Macron ocupou o microfone para falar ao mundo, com uma visão global, de dependência mútua – o que nem de longe significa abdicar da soberania nacional.

Ao contrário, Macron sabe que o futuro pertence aos que se conectam, aos que se ajudam, aos que somam forças em vez de criticar. Une sua voz à de uma menina de 16 anos para alertar sobre a falência do sistema linear de extração, produção, consumo e descarte. O planeta não suporta mais tantos resíduos sólidos.

Macron sabe que o futuro pertence aos que se conectam, aos que se ajudam, aos que somam forças em vez de criticar.

Além da geração de lixo, a poluição do ar sufoca, literalmente, enquanto cafonas acreditam que os preços de seus carros movidos a combustíveis fósseis aumentam seus valores como pessoa. Em um planeta onde pelo menos 5 milhões de pessoas morrem por ano em decorrência da poluição do ar, transporte coletivo com energia sustentável é chiquérrimo! Como uma maison francesa.

No Brasil, o Congresso Nacional atua no tema com a Frente Parlamentar da Economia Verde, analisa a possibilidade de pagar produtores rurais pela recuperação de áreas degradadas e uma tributação diferenciada para quem preserva o meio ambiente. Mas, infelizmente, tudo depende do jogo político atribulado dos dias atuais.

Existe também uma crescente preocupação da indústria, que justamente nesta semana realizou em São Paulo um encontro sobre economia circular – esse novo modelo que preserva o capital natural, faz circular produtos, componentes e materiais e foca no fim do desperdício, na renovação dos recursos naturais.

Na ONU ou no Brasil, o problema exige uma medida urgente. Dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) indicam que, de 2003 a 2014, a geração de lixo no Brasil aumentou 29%, praticamente cinco vezes mais do que a taxa de crescimento populacional no mesmo período, que foi 6%.

Todo mundo pode fazer algo. Não precisa ser a Greta, o Macron, a ONU, ter dinheiro ou carro (até bom que não tenha) ou um quintal em casa para plantar uma árvore. Nesta semana eu conheci o Niltex (@niltexoficial no Instagram) e ele mostrou o que eu já sabia: salvar o planeta não custa muito. Ele é dentista em Maresias, onde vive com filhos e esposa.

Suportes possibilitam descarte correto do lixo

Não precisa de outra atividade que o remunere, mas, muito criativo, decidiu fazer suportes para sacos de lixo. Deu tão certo que um grande festival de música comprou a ideia, que vinha com o line-up do evento na tampa do suporte (muita gente levou para casa como lembrança cool).

Ele também participa de eventos e palestras sobre o meio ambiente quando não está atendendo seus pacientes. Sabe por quê? Porque ele tem a certeza de que não adianta apenas cuidar do sorriso das pessoas, é preciso cuidar de onde elas vivem.

Quem vai sorrir quando não houver mais planeta?