Pode parecer clichê, mas esse é um dos melhores conselhos para a sua vida profissional
Por Marcos Cardinalli*
Desde que comecei a trabalhar com diversidade e inclusão no mercado de trabalho, tenho me deparado muito com as discussões sobre os benefícios desse tema para as corporações. De fato, são muitas as vantagens que as empresas encontram ao implantar uma política inclusiva. E não é à toa que o assunto parece ter se tornado moda entre as companhias mais ‘descoladas’.
De acordo com um estudo da McKinsey & Company, empresas que adotam uma cultura de diversidade de gênero em suas equipes executivas, por exemplo, são 21% mais propensas a ter uma lucratividade acima da média. Já uma pesquisa publicada em 2016 na Harvard Business Review afirma que cerca de 76% dos funcionários de companhias preocupadas com diversidade se sentem mais motivados a expor suas ideias e inovar no trabalho, contra 55% das empresas cuja diversidade não é uma preocupação.
E, ainda, as empresas que colocam a diversidade e inclusão em sua agenda registram o dobro de patentes em comparação às que não têm essa preocupação, conforme aponta um outro estudo, publicado no final de 2017 na revista Financial Management. Diversidade é sinônimo de inovação e criatividade, é a soma de diferentes experiências e visões de mundo.
De fato, são muitas as vantagens que as empresas encontram ao implantar uma política inclusiva. E não é à toa que o assunto parece ter se tornado moda entre as companhias mais ‘descoladas’.
Há inúmeros estudos e pesquisas que apontam o tema como um fator estratégico para os negócios. Afinal, políticas corporativas que estimulam o respeito e a inclusão geram maior satisfação aos funcionários, melhoram o bem-estar e o clima no ambiente de trabalho, promovem maior identificação do consumidor, melhoram a comunicação com os diferentes perfis de clientes, otimizam os processos de tomada de decisões e resolução de problemas e geram tantos outros benefícios.
Eu poderia ficar aqui por horas falando das vantagens da diversidade para as empresas e o quão importante é que as lideranças se preocupem em implantá-la na cultura e na estratégia corporativa. Contudo, hoje quero falar com você que, como eu, é um profissional que enfrenta diariamente a insegurança de assumir quem de fato você é. É você, funcionário sofredor da labuta diária, o meu interlocutor de hoje – e dos meus próximos artigos aqui na Ezatamag.
Muito se fala sobre esse assunto com os executivos e lideranças corporativas – e não diminuo de forma alguma a importância desse diálogo -, mas sinto falta de discutir esse tema com a base da pirâmide: nós. Mais do que nunca, é necessário sairmos da nossa caixinha e jogá-la fora, para então assumirmos quem somos também no ambiente de trabalho.
Mais do que nunca, é necessário sairmos da nossa caixinha e jogá-la fora, para então assumirmos quem somos também no ambiente de trabalho.
E claro que não sei qual a situação pela qual você passa em seu emprego. Reconheço que muitas vezes, por motivos de sobrevivência, precisamos assumir um comportamento de discrição, mesmo que por dentro estejamos cheios de desejo de sair espalhando purpurina por onde formos. Há muitos ambientes ainda hostis para quem não se encaixa naquilo que a sociedade reconhece por séculos como padrão: homem-hétero-cis-branco. Falar abertamente sobre diversidade e inclusão nesses locais pode ser até prejudicial para o profissional.
Mas você não acha que está na hora de conseguir outra coisa? Você tem muito potencial. Acredite em sua capacidade! Se você está em uma situação assim, desejo de todo o coração que conquiste logo um novo emprego, pois essa empresa aí não te merece – e logo ela afunda. Você é valioso demais para passar por isso.
Mas, se essa não é a sua situação, então recomendo: seja quem você realmente é. O conselho pode até soar clichê, mas explicarei por que essa é uma das melhores atitudes que podemos ter como profissionais e como pessoas.
Normalmente, passamos de 6 a 8 horas de nosso dia no trabalho. Desconsiderando as (tão desejadas) 8 horas de sono, vivemos praticamente metade do nosso tempo na empresa onde trampamos. Viver esse tempo todo fingindo ser outra pessoa é uó. Isso pode gerar estresse, ansiedade, desmotivação, insegurança e até depressão. Fora que você poderá não se sentir livre para usar toda a sua criatividade para inovar e colocar todo o seu potencial naquilo que faz.
Quando escondemos nossa identidade, ocultamos também parte de nossos talentos, dons, capacidades, aptidões e habilidades que fazem parte daquilo que somos. Ou seja, não se assumir pode impactar no seu desenvolvimento profissional.
E não estou falando que você deve chegar no trabalho com cartazes e um carro de som anunciando quem você é – mas se quiser fazer, será no mínimo engraçado. E me convide para ver, por favor! Trata-se de agir com naturalidade, sem vergonha de ser você mesmo. Assumir-se é aceitar sua própria condição humana. E isso inspira as pessoas a fazerem o mesmo. Afinal, ser diferente do que nos é imposto como padrão é nada mais que normal, concorda?
Se respeitamos e aceitamos quem realmente somos, nos tornamos mais autoconfiantes e seguros, e transmitimos essa energia a quem está por perto. Você pode ser, inclusive, fonte de inspiração para outras pessoas, que talvez se sintam oprimidas no trabalho.
E não deixe de defendê-las e ajudá-las caso perceba alguma opressão, mesmo que tudo que possa fazer no momento seja conversar para acalmar e melhorar a autoestima de quem passa por essas situações tão complicadas – e frequentes no ambiente de trabalho, infelizmente.
Assumir-se é aceitar sua própria condição humana. E isso inspira as pessoas a fazerem o mesmo. Afinal, ser diferente do que nos é imposto como padrão é nada mais que normal, concorda?
Às vezes, apenas aquele olhar que diz “estou aqui por você” já é o suficiente para dar forças a quem precisa. Você pode achar que não é ninguém na fila do pão, mas pode ser o pivô que iniciará um movimento de construção de uma política de diversidade e inclusão no seu trabalho.
Assumir-se não é uma tarefa fácil. Mas confio em você. Se precisar, faça meditação, visite um psicólogo de confiança, faça terapia, converse com amigos, procure o departamento de Recursos Humanos de sua empresa, escreva um diário, leia, pesquise, mande um inbox aqui pra gente. Você é uma pessoa incrível!
Espero que você tenha gostado dessa nossa conversa. E pode contar comigo se precisar. Nos nossos próximos encontros, aqui na Ezatamag, iremos falar mais sobre esses assuntos, e prometo trazer gente inspiradora para conversar sobre esses temas.
Instagram @marcardinalli
*Marcos Cardinalli é jornalista, administrador e trabalha com produção de conteúdo. Canceriano com ascendente em Sagitário, tem um pé em casa e outro na rua. Seja no lar ou no bar, nunca recusa um convite para tomar café, vinho ou cerveja. Adora falar sobre natureza, meio ambiente, sustentabilidade, cultura e diversidade.