A música de Albert Magno e a insatisfação com os rótulos da sociedade
Em épocas onde ainda se fala de menina usar rosa e menino usar azul, Albert Magno veste roxo – ou não veste nada além de um pano branco. Artista baianx radicadx em São Paulo Mostra, seu corpo, tira de si não apenas as roupas, mas todos os rótulos para fazer música-militância-arte-posicionamento sobre ser negro em um Brasil racista, machista e homofóbico.
Depois do manifesto “Pão com Ovo” (acima), se prepara para lançar em todas as plataformas digitais, no dia 8 de novembro, “Corazón”, em parceria com Lucas Boombeat, do grupo de rap Quebrada Queer. A faixa mistura influência de música eletrônica, samba do Recôncavo Baiano e reggaeton para falar sobre a dificuldade de aceitação que sofre quem não se encaixa em padrões.
“A música Corazón fala basicamente do medo de pessoas LGBTQI+ terem de sair do armário e assumir suas vontades, amor e aventuras, a música te convida pra deixar o fingimento de lado e se deixar ser amada”, explica Albert, artista da gravadora Trava Bizness que se classifica como alguém não satisfeitx com o habitual.
Com um repertório que vai do R&B ao eletrônico, do Jazz ao Pop, do Blues à MPB, Albert surge como mais uma voz contra o preconceito. Mais um artista insatisfeito com o mundo que o rodeia – e que usa seu dom para transformá-lo. Um Sylvester James tropical em tempos de conservadorismo.
Necessário.
“Pão com Ovo”
(Rafael Vidalles)
Quarto, aluguel, Deus do céu o que será
Eu rapunzel, vivo ao léu
Quem vai entender
Minha raça minha cor, minha raça-cor
Por isso
Não quero ver atitude Pão com Ovo
Todo cordeiro tem um pouco de lobo
Hoje eu vou levar marmita pras menina
Sandra, Flávia, Carla e Carolina
Pega o bus e volta pra rotina
Pega o bus às cinco da matina
Ela é negra
Trabalhadeira
Macumbeira
Vai ter que respeitar
Por isso
Não quero ver atitude Pão com Ovo
Todo cordeiro tem um pouco de lobo
Minha raça minha cor, minha raça-cor
Instagram @albertmagno