Dia do Orgulho Bissexual vem para reforçar que todo tipo de orientação sexual existe e deve ser respeitada
Hoje é o Dia do Orgulho Bissexual, mas infelizmente pode chamar também de dia das piadas sobre “ele é gay e não assume”, “essa mona? Nunca!” ou “isso não existe, tem que decidir”. Quem tem que decidir? Você? Que não tem absolutamente nada a ver com a vida da outra pessoa? Hum, sério?
Porque a gente de uma vez por todas precisa deixar de lado (eu tenho escrito muito essa frase, aff, que mundo) o preconceito contra bissexuais. Não são pessoas indecisas, não são pessoas safadas que não sabem o que querem. Pelo contrário, elas sabem muito bem, elas querem outras pessoas – e eu acho isso fantástico.
Não sou bissexual (beijos, meninas, fica para a próxima), mas obviamente me incomoda o preconceito contra eles. Incomoda mais ainda o fato de este preconceito estar também dentro do próprio movimento LGBT. Olha a sigla: L G B T. O B não é de bicha, não é de Beyoncé e nem de bailarina de caixinha de música, é de bissexual.
Porque eles existem e são vítimas do preconceito. Algumas mulheres, inclusive amigas minhas, confesso, dizem que não ficaram/ficam/ficariam com um homem bissexual. Isso tudo porque este homem pode fazer sexo com outro homem – e o machismo está também muito nas mulheres. Mas escolha é escolha e ninguém pode mudar a opinião delas à força.
É extremamente recomendável que você abandone ideias formadas em rodas de conversa onde o ódio, o preconceito e o recalque dão o tom.
Mas ajudo: moça, você está sendo machista. Moça, você está reproduzindo justamente um preconceito que te faz ganhar menos que os homens, te faz todos os dias aguentar piadinhas maliciosas, te faz ser vista como procriadora, somente. Então dá uma paradinha nesta roda de destruição, dá?
Mas é obrigatório ficar com uma pessoa bi para não ser preconceituoso? Não, nada é obrigatório além do respeito (e das leis, hein?). Mas é extremamente recomendável que você abandone ideias formadas em rodas de conversa onde o ódio, o preconceito e o recalque dão o tom.
Eu tenho um amigo que é tudo, tudo mesmo. Gosta de ficar com homem, mulher, não-binárie, trans, cis, todo mundo que for gente e maior de idade. Eu acho isso o máximo, é exatamente o novo mundo: tudo se conecta pela ideia e pelo sentimento, genitália é detalhe, definição é muito ultrapassada e construção é a palavra de ordem.
E se a gente está realmente entrando em um novo mundo, com uma pandemia que chacoalhou nossas certezas, por que não também trazer os bissexuais para perto em vez de usá-los como motivo da sua piada ridícula? O movimento LGBT já faz isso ao considerar o B como detentor de voto em decisões. Porque o B é uma população como todas as outras e também necessita de apoio.
Tudo se conecta pela ideia e pelo sentimento, genitália é detalhe, definição é muito ultrapassada e construção é a palavra de ordem.
E quando algum famoso disser que é bissexual e você achar que é só uma forma de minimizar o fato de ele ser na verdade homossexual, hum, lembre-se que a gente precisa respeitar o que as pessoas dizem sobre si mesmas. Se essa pessoa se vê mulher, é mulher; se se vê homem, é homem; se se vê não-binária, e não-binária; se se vê bissexual, é bissexual. E ponto final.
Porque está aí titio Alfred Charles Kinsey (Hoboken, 23 de junho de 1894 — Bloomington, 25 de agosto de 1956) para nos dizer que nada é tão preto no branco – sexualidade é essa área cinza entre os dois. E pode ser muito maior do que cinquenta tons de cinza.
A Escala de Kinsey tenta descrever o comportamento sexual de uma pessoa ao longo do tempo e em seus episódios num determinado momento. Ela usa uma escala iniciando em 0, com o significado de um comportamento exclusivamente heterossexual, e terminando em 6, para comportamentos exclusivamente homossexuais.
Nada é tão preto no branco – sexualidade é essa área cinza entre os dois. E pode ser muito maior do que cinquenta tons de cinza.
Tanto faz em qual lugar desta escala você está desde que você se sinta bem consigo, feliz, transando gostoso. Vai, volta, vai de novo, dance na escala enquanto te fizer bem.
Bissexuais, querides, transem, amem, flertem, fiquem, apaixonem-se, vivam. Porque no sexo a gente só precisa se ater ao consentimento e à idade da outra pessoa, o resto é missa. E tem muito Papa falso por aí querendo colocar água no seu vinho.
Se joga!