Uma lista com nove mulheres trans que merecem todo o respeito para inspirar todes!

Por Leona Rodrigues*

 Quando eu era pequena, me lembro de pensar que assim que eu crescesse seria com certeza arqueóloga. Assistia os filmes de Indiana Jones e aquilo me fascinava! Na adolescência me encantei com o Jornalismo, principalmente o investigativo e teria sido uma ótima jornalista, se tivesse me dedicado à tal área. Hoje, professora há 16 anos, com uma formação e carreira definida por vezes me questiono: o que será que as pessoas trans sonham em ser quando crescer? Todos nós almejamos alguma profissão, algo a nos dar propósito ou seguir nossos anseios como adultos.

Ao mesmo tempo em que crescia e tinha essas incertezas, eu também não reconhecia meu gênero e tentava buscar no mundo feminino mulheres que me inspirassem. Mãe, tias, melhores amigas, ajudaram a construir a mulher que sou.

Hoje vamos conhecer nove mulheres inspiradoras, que nos mostram que seja você uma militar, professora ou modelo, tudo é possível quando realizamos nossos sonhos e lutamos por nosso espaço.

PAULA BEATRIZ

Paula Beatriz foi a primeira mulher trans a dirigir uma escola na Zona Sul de São Paulo (2003). Paula já foi reconhecida por sua carreira e ativismo em diversas instâncias. Em 2019, recebeu o Prêmio Ruth de Souza, oferecido pelo Conselho Estadual de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra do Estado de São Paulo (CPDCN), da Secretaria da Justiça e Cidadania. O prêmio celebra líderes afro-brasileiros.

SOPHIE XEON

Sophie é produtora e DJ. Nascida na Escócia, ela é a primeira mulher trans a ser indicada ao Grammy Awards em 2018. Foi indicada à categoria de melhor álbum dance/eletrônico pela produção de seu último trabalho solo chamado Oil of Every Pearl’s Un-insides. Já trabalhou com nomes como Madonna e Charlie XCX.

KÁTIA TAPETY

A piauiense de 71 anos foi a primeira travesti a assumir um cargo público no Brasil. Foi eleita vereadora em 1992, 1996, 2000 sempre em primeiro lugar. Katia tem um filme sobre a história de sua vida. O documentário “Kátia” (Karla Holanda, 2012) nos apresenta como travesti/mulher trans piauiense lidou com o preconceito ainda na infância para, hoje, ser reconhecida e respeitada entre seus conterrâneos e vereadora mais votada do município.

LEA T

Lea dispensa apresentações. Já trabalhou com grandes marcas como Givenchy, Benetton e M.A.C. Além disso, Lea T faz um trabalho de conscientização da vida e luta das mulheres pretas e transexuais. Já desfilou em diversos eventos de moda como a SPFW, semana de moda de Milão e também foi entrevistada por Oprah Winfrey em 2011.

ANGELA PONCE

Angela foi um marco ao protagonizar, em 2018, momentos icônicos no Miss Universo. Primeira indicada transexual da premiação, fez um discurso emocionante sobre aceitação e diversidade. A Miss Espanha afirmou que o importante para ela não era ganhar, mas participar do evento. “As mulheres trans vêm sendo perseguidas e apagadas há muito tempo. Estou mostrando que podemos ser o que quisermos.”

DANIELA VEGA

Daniela é cantora lírica, atriz e um expoente no cinema chileno. Vega ganhou amplo reconhecimento ao estrelar no filme vencedor do Oscar Una mujer fantástica (2017), pelo qual a sua atuação recebeu aclamação da crítica. Na 90.ª cerimônia do Oscar em 2018, Vega se tornou a primeira pessoa transexual na história a ser apresentadora na cerimônia do Oscar. Ainda em 2018, a revista Time nomeou-a como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo.

TIFANNY ABREU

Tiffany é uma mulher de fibra e resistência. Paraense, atuou no vôlei em países como Indonésia, Portugal, Espanha, França, Holanda e Bélgica. No início de 2017, recebeu a permissão da Federação Internacional de Voleibol (FIVB) para competir em ligas femininas. Foi quando defendeu o Golem Palmi, time da segunda divisão da Itália. Após esse período, retornou ao Brasil e usou a estrutura do Vôlei Bauru para aprimorar a parte física e voltar para a Europa. A atleta recebeu uma proposta e aceitou defender o time do interior paulista. A liberação para atuar na Superliga veio dois dias antes da estreia oficial, no dia 10 de dezembro, após exames da comissão médica da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV).

AMARA MOIRA

Doutora em teoria literária pela Universidade Estadual de Campinas, Amara tem o poder da palavra e trouxe suas experiências pessoais na brilhante obra: E Se Eu Fosse Puta (2016). Atualmente, não trabalha mais como profissional do sexo, mas é uma defensora da regulamentação da prostituição no Brasil. Além disso, Amara acredita que a literatura é fonte de transformação social. Em 2017, com co-autoria de João W. Nery, Márcia Rocha e T.Brant, com prefácio de Laerte e Jaqueline Gomes de Jesus, lançou: Vidas Trans: a coragem de existir.

MARIA LUIZA DA SILVA

Maria foi militar das forças armadas brasileiras por 22 anos. Maria Luiza comunicou aos seus superiores sua identidade de gênero e tornou-se a primeira pessoa transexual das Forças Armadas do Brasil, sendo submetida a uma aposentadoria forçada por sua condição, dois anos depois. Mas Maria sempre se sentiu orgulhosa: “eu fui a primeira, sempre soube que não seria a primeira e única, teriam outras pessoas. Eu acho que a Força também tem que levar como exemplo a evolução da sociedade”.

*Leona Rodrigues é trans-ativista, professora, criadora do canal Leona T e do projeto #nossahistoriatrans