Brenda Lee foi um marco na luta pela dignidade das pessoas e nunca deve ser esquecida

Por Leona T*

 Você conhece uma princesa? E um palácio cheio de princesas? Hoje vou contar como tivemos uma princesa e um palácio aqui no Brasil. E essa princesa foi tão importante que até o Google conheceu ela. Sim, estamos falando de Brenda Lee.

Mas afinal, como começar um conto de fadas? Nossa princesa nasceu em Bodocó, no Estado de Pernambuco, em 1948. De família humilde, percebeu que seu futuro era muito maior e decidiu ir para São Paulo aos 14 anos. Chegando nessa cidade tão acolhedora e ao mesmo tempo tão impiedosa, percebeu que era o momento de transformar-se em princesa: Princesa Caetana.

Durante um bom tempo, nossa heroína passou por provações infindas: teve que trabalhar com prostituição para poder fugir da miséria e da fome, conheceu pessoas boas e pessoas más, viveu amores e viu de perto outras princesas sofrerem com a repressão e o julgamento da sociedade.

Missão: ajudar todas as outras a terem uma vida digna

Foi aí que nossa princesa percebeu sua missão: ajudar todas as outras a terem uma vida digna, um palácio e um porto seguro para que nenhuma outra princesa precisasse jamais passar por alguma dificuldade. Era erguido então o Palácio das Princesas em 1984.

À época, Brenda não imaginava o quão importante seria o trabalho desenvolvido neste oásis que resistiu em meio a uma ditadura e conseguiu trazer liberdade para muitas. O governo local inclusive depois de um tempo reconheceu em 1988 a legitimidade e importância do Palácio e de Brenda para a comunidade e auxiliou as princesas que lá viviam com tratamento para uma doença que ceifou a vida de muitas.

Brenda conheceu personalidades, viveu como uma rainha, uma mártir, mas infelizmente pessoas que não desejavam seu bem tiraram Brenda de seu palácio, de suas irmãs princesas em 1996, de forma bárbara, desumana, nos deixando órfãos de uma real princesa brasileira.

Brenda merece ser lembrada todos os dias

Mas a história de nossa princesa, nossa rainha, nunca será esquecida. Em 29 de janeiro de 2019, o Google – Sim O GOOGLE! – homenageou nossa princesa e contou um pouquinho da história dela para todo o mundo. Hoje podemos seguir em paz, pois nossa princesa está viva, nesse conto de fadas da vida real. Viva Brenda!!

*Leona T é trans-ativista, professora, criadora do canal Leona T e do projeto #nossahistoriatrans