Eduarda Kona Zion aposta na arte para incluir artistas trans negros na cena e oferecer mais oportunidades
Eduarda Kona encontrou na arte seu meio de se expressar para o mundo, querendo levar junto outres artistes trans e negres para serem reconhecides. Pisciana com ascendente em Touro e Lua em Câncer, tem a sensibilidade, a determinação e a paixão para fazer tudo isso acontecer.
Ela é multifacetada e dança, coreografa, arrasa na maquiagem e cria estéticas próprias para enfrentar o cotidiano na cidade de Guará, no Distrito Federal. Enfrentar, ela conta, o clima de trevas e obscuridade que tomou conta da capital federal com o governo federal que assumiu o posto em 2019.
Tudo com muita coragem e empatia para lidar com os obstáculos. “As possibilidades de acesso à empregabilidade têm sido cada dia mais precárias, ainda mais por conta da pandemia, o mercado de shows e eventos tem sido difícil”, conta para a Ezatamag na entrevista a seguir:
Como é a realidade para os LGBT na sua cidade?
Moro em Brasília em uma cidade chamada Guará. Estar no quadrado em que foi e é a favor do atual governo é mais um desafio diário que nós LGBTs temos que lidar diariamente. As possibilidades de acesso à empregabilidade têm sido cada dia mais precárias, ainda mais por conta da pandemia, o mercado de shows e eventos tem sido difícil. Os trabalhos online estão aí para dar algum suporte e auxílio para que a retomada seja saudável, mas ainda assim fazendo o triplo para poder ser reconhecides pela metade.
Como surgiu Zion na sua trajetória?
A Zion surgiu como um alavancar e força em um momento da minha vida delicado. Eu já conhecia o trabalho de alguns membres da House logo quando soube que o Father Pony Zion viria ao Brasil em 2016. Aí fiquei louca e com a ajuda de amigos consegui ir a São Paulo para o conhecer. Depois de várias ações de cuidado a comunidade ballroom, performaces , vivências , trocas de diálogos e falas conseguimos entender e procurar aplicar a nossa comunidade mais conhecimento. Com uma finalização de uma grande residência pela plataforma EXPLODE (SP) aconteceu a primeira ball internacional com direção de Felix Pimenta em SP, onde tive a oportunidade de ser MC e ao final dela Pony Zion nos convidou eu e Felix Pimenta (SP) para sermos Mother e Father do capítulo Brazil É algo bem marcante com pirofagia e figurino especiais.
Qual a mensagem?
Sempre fui muito ligada a moda e artesanato, sempre gostei de customizar roupas, estampar, costurar, aí conheci o mundo cosplay e lá aprendi muita coisa que carrego comigo nas minhas criações. Depois de ter contato com agências de eventos artísticos pude explorar mais e tive mais acesso a possibilidades de criações minhas. E o fogo… meuuuu deus aprendi a fazer pirofagia na marra para poder substituir um colega de trabalho em uma ação, ele faltou e todo o material já estava lá e faltava menos de uma hora para a ação. Fui aos bastidores treinar e tentar, me apaixonei e foi de primeira, desde então fui me aprofundando cada vez mais e mais. O fogo pra mim é uma extensão ou se não for todos os meus sentimentos queimando cada dia mais.
Artistas trans ainda precisam provar em dobro que são capazes, ainda sofrem muito preconceito?
Acredito que já estamos conseguindo mostrar que somos capazes, mas ainda há muito a se mudar para a comunidade Tem um todo, ainda mais quando se fala da comunidade artística, pois a barreiras de empregabilidade assombram sempre.
O que você diria para as artistas que estão começando e enfrentam desafios?
Mona vai ser babado! Acredite em você nos seus sonhos e potencial. Ansiedade, crises, momentos ruins e pessoas ruins virão em seu caminho, ainda mais se você for uma pessoa preta lgbtqia artista no Brasil, as dificuldades são em triplo. Se apoie nas pessoas que acreditam no seu trabalho, na sua arte e acredite é possível !
O que você tem feito na quarentena para ficar com a cabeça boa?
Estudado muita cultura, tenho treinado o físico, reorganizado projetos para auxiliar pessoas trans ao mercado de trabalho, traçado mais metas para mais conquistas e nesse momento ter as minhas casas Hands Up e Zion tem me ajudado muito!
Agora o mais importante: qual seu sonho?
Eu poderia colocar mil sonhos, estar viva já considero viver um deles, mas sonho em ver meu trabalho em vários lugares, em vários espaços, seja coreografando ou sendo produtora. E sempre ter pessoas pretas e trans nesses trabalhos, viajar o mundo com meus trabalhos, creio que é esse o babado!
Instagram @eduardakonazion