Kátia Tapety foi a primeira travesti eleita para um cargo político na História do Brasil

Por Michelly Longo*

No próximo domingo, dia 15 de novembro, ocorrerá as eleições municipais, também feriado de Proclamação da República, dia em que precisamos ter muito cuidado ao escolher em quem vamos votar, e que decidirá 4 anos de nossas vidas, dentro dos municípios em que moramos. Nada mais justo do que trazer hoje a história magnífica dessa mulher trans/travesti, guerreira e referência para nós dentro da política.

Kátia Tapety, nascida em 24 de abril de 1949. Em 1992, o Brasil elegia a primeira travesti para um cargo político de sua história. Kátia Tapety, travesti, negra, residente no município de Colônia do Piauí, 388 quilômetros ao sul da capital Teresina, ingressou no Partido da Frente Liberal (PFL), atual Democratas (DEM), pelo qual foi eleita vereadora em 1992, 1996 e 2000, sempre como a mais votada.

Juntes somos mais fortes. O poder está em nossas mãos.

Foi também presidenta da Câmara Municipal 2001–2002. Em 2004, Tapety foi eleita vice-prefeita na chapa com Lúcia de Moura Sá. A candidatura de ambas contou com 62,13% dos votos dos 5.417 eleitores da pequena cidade. Kátia mais tarde se afiliaria ao Partido Popular Socialista (PPS), atual Cidadania, que então abrigava Ciro Gomes, seu ídolo político.

Kátia tem um filme sobre a história de sua vida. O documentário “Kátia” (Karla Holanda, 2012) nos apresenta como essa travesti/mulher trans piauiense lidou com o preconceito ainda na infância para, hoje, ser reconhecida e respeitada entre seus conterrâneos e a vereadora mais votada do município.

Kátia, uma mulher sertaneja simples que segue inspirando gerações

Kátia estudou apenas até a terceira série do Ensino Fundamental e, depois disso, foi mantida em casa por seus pais, de onde saiu aos 18 anos. Em 1995, ela apareceria no programa de Jô Soares, como parte de uma geração de pessoas trans que dedicaram suas vidas para nossa luta. “Apanhei sim, mas não dava jeito. Não era porque eu quisesse, Jô, entende?”, disse rapidamente.

Hoje com 71 anos, Kátia, uma mulher sertaneja simples, segue inspirando gerações e é uma pessoa muito querida por todes que a conhecem.

Que sirva de exemplo para que votemos em quem realmente nos representa enquanto LGBTI+, visto que temos 281 candidaturas segundo a ANTRA (Associação Nacional de Travestis e Transexuais), sendo 27 candidaturas coletivas e apenas 2 para prefeitura e 1 para vice-prefeitura. Onde destas temos 255 travestis e mulheres trans, 16 homens trans e 10 candidates com outras identidades trans.

Juntes somos mais fortes. O poder está em nossas mãos.

*Michelly Longo é ativista trans negra, baiana, cozinheira de profissão, casada e cheia de boas experiências para compartilhar.