Matheus Engenheiro lança primeiro EP com remixes e conta quais artistas o inspiram
Tem novidade de Matheus Engenheiro com seu EP de remixes “Chega Devagar”! Lançada no último dia 4, a obra é formada por quatro faixas de estilos diferentes, que passam pelo House, pela música experimental e pelo lo-fi, além de revelar a versão demo da música.
“Além dos remixes, que são incríveis, eu também quis incluir a versão demo. Eu gosto de escutar essas versões das músicas dos artistas que me inspiram, então eu queria deixar as pessoas ouvirem a da minha música também”, explica.
A faixa principal do trabalho é um remix produzido por Sanvtto, que trabalha a música eletrônica (aqui, especificamente, o house) com elementos de funk brasileiro. O DJ tem no currículo parcerias com Linn da Quebrada e Jup do Bairro, Heavy Baile e Lucas Boombeat. O lançamento nas plataformas de streaming é seguido de um videoclipe, que apresenta o estilo de dança house, voguing e chicago footsteps, com a participação especial da MC Xuxú, em um solo de guitarra.
“Eu sigo o Sanvtto há um tempo e sou super fã dele e da história dele. Nós trocamos algumas mensagens pelo Instagram logo antes de eu lançar a versão original. Mandei pra ele, ele amou e topou trabalhar no remix. Falei que ele podia fazer a música do jeito que ele quisesse e ele veio com esse house maravilhoso”, conta:
Onde você mora? Como é a realidade para os LGBT na sua cidade?
Hoje eu me divido entre o Rio de Janeiro, onde eu trabalho CLT, e minha cidade, Juiz de Fora (MG). JF tem uma história muito interessante que envolve a luta pelos nossos direitos, inclusive temos uma lei municipal do ano 2000, a “Lei Rosa”, que prevê punição a discriminação LGBT. Naquela época, tínhamos um movimento muito forte, que hoje se dissolveu. Para mim, a maior referência LGBT na cidade hoje é a MC Xuxú, maravilhosa.
Como foi o começo com a música? É uma paixão antiga?
Eu me enxergo super no começo ainda, apesar de ter sido uma elaboração bem longa pra chegar até aqui. Desde criança eu queria ser cantor, só que eu achava que era algo tão maravilhoso que eu não era digno de assumir isso. Muita insegurança, auto sabotagem e, principalmente, medo de discriminação: afinal eu sabia que escrevendo/cantando era a minha forma de ser mais honesto. Consequentemente, as pessoas saberiam quem eu sou, o que eu morria de medo na época. Fui crescendo, me fortalecendo e tentando me livrar das coisas que me paravam. Até que eu pensei: eu amo fazer isso. O que eu vou fazer pode não ser maravilhoso, mas é meu, é o que eu tenho para oferecer. Querer me abrir a esse ponto foi entender que eu tenho orgulho de mim. Eu ainda lido com muitas travas, ressacas morais, mas hoje consigo evitar cair nesse buraco que me paralisa e continuar a escrever e cantar.
Desde criança eu queria ser cantor, só que eu achava que era algo tão maravilhoso que eu não era digno de assumir isso. Muita insegurança, auto sabotagem e, principalmente, medo de discriminação
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Quais foram/são suas referências musicais?
A minha principal referência sempre foi Madonna; desde os 3 anos de idade eu sou fascinado pelo trabalho dela, especialmente no palco. Acho engraçado que isso não se reflete diretamente no meu som, mas está sempre comigo. Mas posso falar que hoje estou de olho sempre também no Moses Sumney, no James Blake, na Lorde, na Bjork. Também na Elza, no Milton, na Bethânia, na Baby, no Caetano e sempre, sempre, na Elis. Tanta gente maravilhosa nesse mundo.
O que você diria para as artistas que estão começando e enfrentam desafios?
Bom, eu estou precisando desse conselho, na verdade. Mas o que eu diria para quem também está começando seria: não espere ninguém reconhecer valor no seu trabalho, porque provavelmente ninguém vai dar a importância que você dá a ele. Não espere ser descoberto por ninguém. Faz o seu corre.
A minha principal referência sempre foi Madonna; desde os 3 anos de idade eu sou fascinado pelo trabalho dela, especialmente no palco. Acho engraçado que isso não se reflete diretamente no meu som.
O que você tem feito na quarentena para ficar com a cabeça boa?
O que salva minha cabeça, literalmente, é a dança. Eu fiquei parado um tempo e tive crises cada vez mais fortes e constantes de enxaqueca. Foi eu voltar a dançar e tudo começou a melhorar. Para mim, é a dança.
Agora o mais importante: qual seu sonho?
O meu sonho é viajar com um show lindo, em um ônibus pela estrada, com uma equipe de gente legal e talentosa. Poder produzir meus projetos e, com o que eu aprender, ajudar outres artistes a viverem da sua arte também.