Eu não sou cis, eu não quero ser cis e isso é motivo de orgulho para mim!
Por Ágata Pauer*
No dia de hoje, às 14h30, no ano de 1992, seis travestis, sendo elas: Jovanna Cardoso, Elza Lobão, Josy Silva, Beatriz Senegal, Monique do Bavieu e Cláudia Pierry, se juntaram para marcar a história do Brasil para a população transvestigênere. Juntas fundaram a Associação das Travestis e Liberados do Rio de Janeiro (ASTRAL), a primeira organização feita por pessoas trans para pessoas trans.
Contudo, até o dia de hoje essa data não é reconhecida no calendário nacional do Brasil, mesmo tendo a mesma relevância que o Dia Nacional da Visibilidade Trans e Travesti. Até porque, como diz a presidentra da Antra, Keila Simpson, “podemos sim comemorar, pois cada dia nosso de sobrevivência já vale comemorar a existência de sermos quem somos.”
Após esse marco histórico, diversas outras associações ou organizações não-governamentais começaram a surgir. Graças a uma pesquisa da Jaqueline Gomes de Jesus, atualmente eleita presidentra da Associação Brasileira de Estudos da Homocultura, é possível se atentar que em 1995 surgiram a Associação das Travestis em Salvador e o Grupo Fidélia de Santos, e em 1999 a Associacão das Travestis na Luta pela Cidadania de Aracajú e o Grupo Igualdade. Até que a comunidade transvestigênere se potencializasse em suas organizações e surgissem diversas outras pontes para a garantia de acesso e humanização dessas corporeidades.
Entretanto, esse dia não só é para acender as nossas narrativas apagadas pela cisgeneriedade, como também para nos lembrar que: ser uma pessoa trans e travesti não é o que a sociedade cisnormativa impõe. Ser trans e travesti transcende qualquer ideal e até mesmo o que se entende de ser forte.
Ágatha Pauer é criadora de conteúdo, atriz e travaturga, estudante do @iffcampuscabofrio e ex-bolsista do projeto de arte e cultura. Atualmente é coordenadora do movimento de mulheres da RL e filiada ao @gruposiguais.