Rebeca, Mayra e Rayssa e três medalhas para cegar os preconceituosos
Mais uma vez a mulher brasileira tendo que fazer tudo e entregar tudo. Rebeca Andrade, Mayra Aguiar e Rayssa Leal colocaram o Brasil no pódio das Olimpíadas de Tóquio 2020 quebrando barreiras como machismo, racismo e total falta de apoio governamental ao desenvolvimento de seus talentos. São o contraponto de atletas brasileires que apoiam aquela figura deplorável lá de Brasília.
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Rebeca transformou o Japão em um grande baile de favela. Linda, focada, decidida. Faturou uma prata que vale ouro se a gente pensar que ela deu o melhor de si, seu máximo. Como competir em condições iguais com atletas russas, europeias, estadunidenses cheias de investimentos, patrocínios, atenções?
Com coragem. Com a garra de uma filha de pai ausente, filha de mãe forte que se virou nos diversos obstáculos da vida para criar uma pessoa com autoestima. A primeira mulher negra do Brasil a ganhar uma medalha na classificação geral – arrancando lágrimas da pioneira Daiane dos Santos.
Sobre rodas, a fadinha Rayssa conquistou a prata e o mundo. 13 anos apenas, ou já, ou na hora certa. E virou uma figura ainda mais digna de elogios ao se recusar a ser recebida por autoridades que nunca lhe apoiaram. Agora é tarde, ela já mostrou que não precisa de vocês, mas pode patrocinar porque é sua obrigação.
E a judoca Mayra colocou o bronze no peito e fez história no templo mundial de seu esporte, o Judô. Uma das três melhores do mundo mesmo treinando em um país que elogia mais do que merecem alguns atletas de modalidades coletivas. O Brasil que majoritariamente olha para a bola de futebol teve que se curvar ao quimono.
Mas não estaríamos elogiando demais? Nem de longe. Um desgoverno federal que não olha para o esporte nem às vésperas de uma Olimpíada. Um esporte ainda dominado pelo machismo. Ainda aquele olhar de que luta e skate são coisas de menino, que uma menina pobre não pode praticar ginástica, coisa de rico.
São medalhas que brilham e cegam os preconceituosos.
Fotos: COB