12 filmes essenciais para lembrar a importância do 1º de Dezembro

Por Eduardo de Assumpção*

1º de Dezembro é o Dia Mundial da AIDS, uma data voltada para que o mundo una forças para a conscientização sobre o HIV. A data declarada pela OMS, desde 1988, trabalha para reforçar a informação acerca de formas de prevenção, que hoje vão além do bom e velho preservativo.

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40 anos já se passaram desde o início da epidemia, décadas  muito difíceis foram enfrentadas, contabilizando milhões de mortes e criando mitos acerca da doença, mas os avanços científicos vieram e hoje existe a chamada “cura medicamentosa”.

Embora a realidade atual, permita conviver naturalmente com a doença, com o Brasil sendo referência mundial no tratamento, é importante estar atento a todas as maneiras de cuidado. Os estigmas seguem até hoje em nossa sociedade, e a arte e o cinema estão aí para ajudar a quebrá-los. Para celebrar a data, separamos 12 filmes essenciais sobre o tema:

Parting Glances – Olhares de Despedida (Parting Glances, EUA, 1986)

Michael e Robert são um casal prestes a se separar na Nova Iorque dos anos 80. O motivo para o término do relacionamento é que Robert decidiu se mudar para o Quênia, onde trabalhará durante dois anos. Nos momentos que antecedem sua solidão, Michael precisará encarar as reais razões para a mudança de Robert e também a descoberta de que Nick, um ex-namorado seu, interpretado por Steve Buscemi, é portador do HIV.

Viver até o Fim (The Living End, EUA, 1992)

Rodado por Gregg Araki, durante o movimento new queer cinema, Viver até o Fim é considerado o Thelma & Louise gay. Luke (Mike Dytri) é um cara imprudente e inquieto e Jon (Craig Gilmore)é um crítico de cinema relativamente tímido e pessimista. Ambos são gays e soropositivos. Depois de um encontro nada convencional, e depois de Luke matar um policial homofóbico, eles partem numa viagem onde o lema é “F**a-se tudo. Através dessa fuga, em forma de road movie, o diretor mostra a negação que muitos pacientes enfrentam ao descobrirem o diagnóstico de sua sorologia.

Clube de Compras Dallas (Dallas Buyers Club, EUA, 2013)

Matthew McConaughey emagreceu para  ganhar o Oscar pelo papel em Clube de Compras Dallas. No início da epidemia da AIDS, nos anos 1980, quando a doença era considerada sinônimo de homossexualidade, Ron, um heterossexual texano adquiriu o vírus e passou a ter que conviver com essa nova realidade. Questionando a doença, o personagem começa a sentir os primeiros sintomas e é amparado pela transexual Rayon, personagem de Jared Leto, também ganhador do Oscar de Coadjuvante. Ele assim começa a desconstruir toda a imagem que tinha da comunidade LGBTQIA+, e inicia um negócio clandestino para adquirir medicamentos e salvar vidas.

Clube de Compras Dallas (Dallas Buyers Club, EUA, 2013)

Filadélfia (Philadelphia,EUA, 1993)

Andrew Beckett (Tom Hanks) é um promissor advogado que trabalha para um tradicional escritório da Filadélfia. Após descobrirem que ele é portador do HIV, Andrew é demitido da empresa. Ele contrata os serviços de Joe Miller (Denzel Washington), um advogado negro que é homofóbico. Durante o julgamento, este homem é forçado a encarar seus próprios medos e preconceitos. Apesar de ter sido o primeiro filme a levar o tema para o mainstream, Filadélfia, não traz uma mensagem positiva acerca da doença. Por sua atuação, Tom Hanks ganhou seu primeiro Oscar.

Filadélfia (Philadelphia,EUA, 1993)

Meu Querido Companheiro (Longtime Companion, EUA, 1989)

Em 1989, ano que o longa de Norman René foi realizado, o rastro deixado pela AIDS era devastador. Abordando um tema tão pesado, como a trajetória da epidemia ao longo dos anos 1980, de forma leve, Meu Querido Companheiro recebeu o Prêmio do Público no Festival de Sundance, além da Indicação ao Oscar e o Globo de Ouro de melhor ator coadjuvante para Bruce Davison, que brilha no papel de David.

Carta para Além dos Muros (Brasil, 2019)

O longa de André Canto, apresenta a trajetória do HIV/AIDS, com foco no Brasil, por meio de entrevistas com médicos, ativistas e pacientes, além de farto material de arquivo. Do pavor inicial às campanhas de conscientização, passando pelo estigma imposto às pessoas vivendo com HIV, e como a sociedade encarou essa epidemia em sua fase mortífera ao longo de mais de décadas. Educativo, o filme explica a evolução do tratamento para a doença, e mostra que hoje os remédios tornam os pacientes completamente indetectáveis e aptos para uma vida normal.

Carta para Além dos Muros (Brasil, 2019)

The Normal Heart (EUA, 2014)

A adaptação da peça homônima de Larry Kramer, por Ryan Murphy, para a HBO começa em 1981. Uma doença misteriosa se alastra pelos Estados Unidos, com alto grau de mortalidade: cerca de 50% dos infectados acabam falecendo. Como a imensa maioria é homossexual, ela logo é apelidada de “câncer gay” e, por preconceito, não recebe a devida atenção do governo norte-americano. Decidido a fazer com que as pessoas tomem conhecido sobre a epidemia causada pela AIDS, o escritor Ned Weeks (Mark Ruffalo) decide ir aos diversos veículos de comunicação para falar sobre o tema. Entretanto, a raiva contida em suas declarações assustam até mesmo seus colegas na organização não-governamental que presta auxílio aos infectados. Ao seu lado, Ned conta apenas com o apoio da médica Emma Brokner (Julia Roberts), que também está alarmada com a gravidade da situação.

The Normal Heart (EUA, 2014)

Buddies (EUA, 1985)

Considerado o primeiro longa-metragem de ficção a abordar o tema, o minimalista Buddies trouxe um olhar realista e ao mesmo tempo sensível para o HIV. O diretor Arthur Bressan morreu de complicações resultantes da AIDS dois anos após o lançamento do filme. Buddies acompanha um homossexual em Nova Iorque que está numa relação monogâmica e se torna “cuidador” ou amigo voluntário de outro homossexual morrendo. Daí, surge uma bela amizade, com mudanças de paradigmas e uma incrível mensagem de positividade no pico da doença.

Buddies (EUA, 1985)

O Jardim (The Garden, Reino Unido, 1990)

O filme segue um amoroso casal gay aparentemente inocente, cuja existência, totalmente idealista, é interrompida quando eles são presos, severamente humilhados, torturados e mortos. Além da história, se apresentam imagens não-lineares da iconografia religiosa – a Madonna, Jesus e Judas. Toda a composição visual tem como objetivo provocar reflexões sobre a secular perseguição aos homossexuais durante o ápice da epidemia da AIDS. O diretor Derek Jarman, que convivia com o HIV, sabia transformar sua sorologia em uma arte impactante. No filme há uma impressionante cena, onde o casal é espancado por um grupo de Papais Noel.

O Jardim (The Garden, Reino Unido, 1990)

Como Sobreviver a uma Praga (How to Survive a Plague, EUA, 2012)

O documentário, de David France, conta a história dos jovens corajosos que reverteram a maré de uma epidemia, exigindo a atenção de uma nação com medo e não deixando a AIDS se tornar uma sentença de morte. O ACT UP, um grupo improvável de ativistas resistiu à opressão e, sem formação científica, infiltrou agências governamentais e da indústria farmacêutica, ajudando a identificar novos medicamentos e tratamentos promissores, disponibilizando-os nas drogarias em tempo recorde. No processo, eles salvaram suas próprias vidas e terminaram os dias mais sombrios de uma verdadeira praga, enquanto praticamente esvaziavam as enfermarias de HIV dos hospitais norte-americanos.

Como Sobreviver a uma Praga (How to Survive a Plague, EUA, 2012)

120 Batimentos por Minuto (120 Battements par minute, França, 2017)
O diretor Robin Campillo mergulha fundo no mundo da militância para voltar à França, no início dos anos 1990. O grupo ativista ACT UP está intensificando seus esforços para que a sociedade reconheça a importância da prevenção e do tratamento em relação à AIDS, que mata cada vez mais há uma década. Recém-chegado ao grupo, Nathan (Arnaud Valois) logo fica impressionado com a dedicação de Sean (Nahuel Pérez Biscayart), apesar de seu estado de saúde delicado. Vencedor do Prêmio da Crítica no Festival de Cannes.

120 Batimentos por Minuto (120 Battements par minute, França, 2017)

Conquistar, Amar e Viver Intensamente (Plaire, aimer et courir vite, França, 2018)

Jacques (Pierre Deladonchamps) é um escritor e dramaturgo que vive em Paris. Arthur (Vincent Lacoste) é um jovem estudando em Rennes. Eles se encontram na esquina entre um teatro e cinema. Eles vivem uma história em um período complicado dos anos 90, onde o amor paira sobre a morte e a ternura luta contra o desespero, porém, a vida continua contra todas as probabilidades. O longa, de Christophe Honoré, além das inúmeras referências à arte e a cultura POP, traz uma abordagem bastante positiva sobre conviver com HIV ao retratar um casal sorodiscordante.

Conquistar, Amar e Viver Intensamente (Plaire, aimer et courir vite, França, 2018)

*Eduardo de Assumpção é jornalista e responsável pelo blog cinematografiaqueer.blogspot.com

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Twitter: @eduardoirib