“Amor Entre os Juncos” é um filme extremamente agradável que agrega uma força emocional a momentos de erotismo

Por Eduardo de Assumpção*

“Amor Entre os Juncos” é a estreia do diretor Mikko Makela, onde Leevi (Janne Puustinen) tem um relacionamento distante com seu pai Jouko (Mika Melender) depois de se mudar para Paris para cursar a universidade. Ele retorna à Finlândia no verão para ajudar o pai a reformar a casa do lago da família e conhece o sírio Tareq (Boodi Kabbani), que foi contratado para ajudá-los. Jouko é chamado de volta à cidade para trabalhar, deixando Leevi e Tareq trabalhando sem ele. Uma vez a sós, os homens começam a se conhecer e a iniciar um relacionamento intenso.

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O longa tem um enredo muito semelhante a “Reino de Deus” (2017), mas com um cenário diferente e mais pitoresco. Leevi e Tareq rapidamente se relacionam, pois Leevi, ao contrário de seu pai, pode falar inglês, então ele consegue se comunicar com Tareq, que não sabe muito finlandês. A saída de Jouko da casa do lago permite que os homens conversem sobre suas vidas tomando algumas cervejas, na sauna, e isso rapidamente se torna sexual.

No início do filme, é sugerido que o pai suspeita que o filho possa ser gay e a maneira como ele gira em torno do assunto mostra que ele não está muito feliz com isso. Leevi, por outro lado, se recusa a ser atraído pelas perguntas intrusivas de seu pai. Conhecer Tareq lembra Leevi como ele é afortunado por viver em lugares que não se importam realmente com sua sexualidade. Para Tareq, ele teve que viver uma vida fechada na Síria, onde a homossexualidade é muito malvista.

Fora do relacionamento apaixonado que Leevi e Tareq compartilham, o filme é também uma exploração de um vínculo quebrado entre pai e filho. Leevi e Jouko não têm ideia de como se relacionar e alguns de seus problemas começam a se desfazer no decorrer do filme, levando a um clímax emocional. Há ainda toda a questão social de Tareq, um refugiado se virando como pode em outro país.

A química entre Puustinen e Kabbani é extraordinária

A química entre Puustinen e Kabbani é extraordinária. Quando eles se olham pela primeira vez é como se algo incendiasse. O diretor Mikko Makela não se intimida com a parte sexual de seu relacionamento, oferecendo cenas de sexo longas, provocativas e quase explícitas.

Muito bem construído, o roteiro do filme é pautado em cima de diálogos que trazem uma grande riqueza para a personalidade de seus personagens. Ele aborda uma variedade de questões sociais e a relação central entre Leevi e Tareq é eletrizante. Alguns momentos de tranquilidade, dão a chance de ver as belíssimas paisagens da Finlândia. “Amor Entre os Juncos” é um filme extremamente agradável que agrega uma força emocional a momentos de erotismo.

Disponível na @globoplay

*Eduardo de Assumpção é jornalista e responsável pelo blog cinematografiaqueer.blogspot.com

Instagram:@cinematografiaqueer

Twitter: @eduardoirib