Como a vivência de Vyni no BBB reflete a realidade da falta de afeto para nós LGBT

Talvez hoje seja o penúltimo dia para (finalmente) falar sobre a participação de Vyni dentro da casa do Big Brother Brasil (BBB). Com o paredão de amanhã, pode de uma vez por todas terminar a crise de carência que tem assolado o rapaz, e o faz agir de forma a ser muito criticado aqui fora.  Mas muita calma porque é preciso um respiro antes dessa crítica.

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Vyni cresceu em um cenário infelizmente muito, mas muito conhecido por nós LGBT: o da ausência da perspectiva de afeto. É negada a nós a verdade: que somos maravilhosos, que MERECEMOS ser amados. Mas principalmente, ninguém nos diz(ia) ser possível ser aceito, ter amigos, sem precisar lançar mão de subterfúgios – sem a necessidade de colocar máscaras, se encher de maneirismos.

O humor é uma dessas ferramentas. Parecer inofensivo é um dos disfarces.

Fora das grandes cidades é ainda quase inexistente a relação de troca, somos buscados por quem tem o desejo, mas não a coragem. É em cantos escuros, é em horários equivocados, é de durações diversas e sempre violentas e vazias que este relacionamento é feito.

O humor é uma dessas ferramentas. Parecer inofensivo é um dos disfarces.

Se a participação de Vyni se encerrar amanhã, felizmente começará uma nova e brilhante fase na vida dele. Ao sair pela porta da casa do BBB, vai ter a certeza de que nós podemos, devemos e merecemos ser amados como somos, pela personalidade que temos – pelo caráter que nos define.

Vyni foi e está sendo extremamente criticado como “chaveirinho de hétero”. Mas como a gente pode criticar o resultado de uma realidade que não ajudamos a mudar? Injusto, cruel, desnecessário. Além de burrice, porque ignora o grande (e clássico) problema psicológico que origina esse comportamento.

Vyni tem sido criticado por sua relação com Eliezer

É a era da empatia. É o momento no qual não cabe mais a crítica pela crítica, para apenas encerrar discussões vazias nas redes sociais. Precisamos falar sobre a falta de perspectiva afetiva que assola a nossa comunidade – e que passa totalmente despercebida por gente de dentro dessa nossa própria comunidade.

Ao contrário de heterossexuais cisgêneros, nós precisamos buscar em cada pequeno detalhe essa perspectiva. Ninguém diz(ia) que podemos ser um casal, ir além da moitinha. No caminho, tropeçamos. Levantamos. Continuamos. Por isso uma mão estendida é muito mais proveitosa do que uma que apedreja.

Não julgue. Ajude.

Fotos: Reprodução-Rede Globo