“Anne+: O Filme” vai além da protagonista e apresenta universo LGBT diverso e empoderado
Por Eduardo de Assumpção*
Anne+ começou com seis episódios no YouTube. Os criadores queriam contar uma história sobre uma sáfica, na casa dos vinte anos, que não fosse sobre as experiências negativas de pessoas queer. A diretora Valerie Bisscheroux, a roteirista Maud Wiemeijer e a atriz principal Hanna van Vliet fizeram isso com tanto sucesso que a série foi um êxito mundial e a Netflix comprou os direitos de exibição.
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O filme resultante vai além da sexualidade de Anne e apresenta a não-binariedade de Lou, interpretado pelu também não-binárie, Thorn de Vries. No filme, Anne está no início de grandes mudanças em sua vida. Seu amor Sara partiu para o outro lado do mundo e depois de um tempo Anne a seguirá. Mas Anne quer deixar Amsterdam e seus amigos para trás?
O relacionamento aberto que ela concordou é realmente o que ela estava esperando? Anne foge das respostas para essas perguntas. Os diálogos de Wiemeijer, e em particular uma conversa acalorada entre Anne e Sara, geralmente parecem realistas. As conversas dolorosas em que ambos os lados dizem coisas que não querem dizer provavelmente parecerão familiares para a maioria dos relacionamentos.
Mas esse reconhecimento não se encontra apenas nos diálogos. O filme também se concentra em retratar corpos realistas. A pele imperfeita não é pintada ou aprimorada digitalmente, e isso é bastante refrescante. Além disso, o filme é contagiante em seu retrato bem-sucedido da comunidade queer.
Um bom exemplo disso é a cena em que Lou transforma Anne e seus amigos em drag kings e queens. Quando os personagens descem a passarela e a trilha sonora empolgante surge, o espectador é levado à euforia dos personagens. Com um público maior vem uma maior responsabilidade. Pelo menos, é o que o filme parece pensar.
Os monólogos de Lou sobre o que significa ser não-binárie parecerão uma lição básica educacional. Hanna Van Vliet é a divertida, desajeitada Anne e Jouman Fattal também convence como sua parceira. E, claro, há todos os outros papeis menores, que provavelmente permanecerão um pouco na superfície para quem nunca viu a atração.
Disponível na @netflixbrasil
*Eduardo de Assumpção é jornalista e responsável pelo blog cinematografiaqueer.blogspot.com
Instagram: @cinematografiaqueer
Twitter: @eduardoirib