“120 Batimentos por Minuto” é um retrato emocionante de um período importante, doloroso e icônico para à comunidade LGBTQIA+
Por Eduardo de Assumpção*
“120 Batimentos por Minuto” (120 battements par minute, França, 2017) mostra como nos anos 1990 o tratamento para o HIV ainda era muito ineficaz e a luta de ONGs por melhorias no sistema de saúde era pulsante. O filme, de Robin Campillo, mostra a militância feroz da Act Up Paris, sigla para AIDS Coalition to Unleash Power, um grupo que nasceu em 1987 e ganhou força em todo o mundo.
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De cara, o filme já traz uma descentralização da abordagem da militância no cinema norte-americano em filmes como “Milk”, “The Normal Heart” e “Stonewall” e nos leva para a Paris dos anos 1990, onde a luta do grupo contra a indústria farmacêutica acontecia com fervor. Vencedor do Prêmio da Crítica em Cannes e líder de indicações ao Cesar, o filme aborda com delicadeza como soropositivos encaram conviver com o vírus, e neste caso clamar por seus direitos à sobrevivência.
Ao contrário das obras ambientadas nos anos 1980, o filme já mostra mais discernimento sobre a doença, ainda que o cenário de morte e despedida seja onipresente. O longa dialoga com todo o tipo de paciente, desde aquele que foi infectado em sua primeira relação até os usuários de drogas injetáveis. O casal formado por Nathan (Arnaud Valois) e Sean (Nahuel Perez Biscayart), é um dos pontos altos do filme.
A relação é cheia de sensibilidade, melancolia e baseada numa experiência do próprio diretor. O relacionamento corre paralelamente às estratégias de ação de Act Up. O longa retrata como os soropostivos foram desprezados por anos pelos governos e tratados como marginais.
O foco é criticar a indústria farmacêutica e fazer da ACT UP o personagem principal do filme. Apesar de seus longos 140 minutos, 120 batimentos por minuto é um filme lindo e, sobretudo, necessário, um retrato emocionante de um período tão importante, doloroso e icônico para à comunidade LGBTQIA+ construir sua história.
É uma celebração àqueles que lutaram para que hoje o HIV seja uma patologia completamente tratável com remédios que garantem que o vírus seja indetectável.
Disponível na @clarotvbrasil .
*Eduardo de Assumpção é jornalista e responsável pelo blog cinematografiaqueer.blogspot.com
Instagram: @cinematografiaqueer
Twitter: @eduardoirib