Lumena seria a culpada pela feminilidade (negra) ser objetificada pelo homem

Por Ágata Pauer*

Vamos ter um debate sério agora? Vi que a Lumena Aleluia decidiu criar conteúdos +18! E a partir dessa decisão inúmeras pessoas vieram atacá-la por essa atitude. Contudo, de que forma esses atravessamentos direcionados a ela se manifestaram, como também se materializaram?

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Primeiro, culpabilizaram a mesma por hiperssexualizar o corpo das mulheres! Ou seja, Lumena seria a culpada pela feminilidade (negra) ser objetificada pelo homem. Além disso, diversos questionamentos como: e o seu doutorado, serve pra quem?

Colocando, assim, a mulher preta como vilã de toda uma narrativa. E quais são as facetas que nossos corpos estão destinados a performar? Afinal, quando acadêmica “demais” Lumena é questionada, quando “sensual” Lumena é questionada.

É necessário questionar como o moralismo afeta nossa compreensão.

Com quantas pedras se aniquila a autoestima de uma mulher preta? Com quantas Madalenas se fazem Deuses? Mulheres pretas já foram denominadas socialmente enquanto PUT4S!

Afinal, somos a “mulata” da cor do pecado. A cor de chocolate que sempre estará de avental, com uma vassoura na mão, quem sabe lavando uma louça ou até mesmo sendo a babá de terceiros. Aquelas em que as sinhás saem de casa, e ocupamos o lugar dela na cama para ser mil vezes melhor.

Enquanto mulheres pretas já vivenciamos esse não-lugar. Corrói. Machuca. E dizer que uma mulher preta reforça essa condição, é sentencia-la por uma estrutura que já a coloca nesse lugar, sem mesmo optar. Até porque, quantas mulheres brancas não ocupam esse lugar da sexualidade e do entretenimento? E quantas são ultrajulgadas por estarem nessa condição?

Com quantas pedras se aniquila a autoestima de uma mulher preta?

É necessário questionar como o moralismo afeta nossa compreensão. E quando reafirmo isso, não estou romantizando qualquer ato lucrativo, melhor dizendo, do capitalismo como forma de explorar nossos corpos.

Muito pelo contrário, até porque existem mulheres que necessitam desse trabalho para sobreviver, como é o caso de inúmeras mulheres trans e travestis. O que quero ratificar é que, não tem como ficarmos numa leitura binária sobre os fatos: ou é ruim, ou é bom!

E com essa leitura desqualificar e promover o ódio contra um determinado indivíduo, como é o caso do que está acontecendo com a Lumena.

Sigam e acompanhem o trabalho de @agatapauer

*Ágatha Pauer é criadora de conteúdo, atriz e travaturga, estudante do @iffcampuscabofrio e ex-bolsista do projeto de arte e cultura. Atualmente é coordenadora do movimento de mulheres da RL e filiada ao @gruposguais.