Quer dizer então que a língua imposta aos povos originários quando o Brasil foi tomado é que é inclusiva?

Segunda-feira (25), em Três Coroas (RS), rolou votação de um projeto de lei que proíbe o uso de linguagem neutra nas escolas. E entre tanta ignorância, a frase mais TOSCA que eu já ouvi nos últimos tempos foi: “português é que é linguagem inclusiva, isso aí é dialeto de minoria que não inclui ninguém”.

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Quer dizer então que a língua imposta aos povos originários quando o Brasil foi tomado é que é inclusiva? “Isso aí é dialeto de minoria” – Vocês imaginem o privilégio que essas pessoas têm de poder falar isso, de poder, de terem o poder nas mãos. Uma fala totalmente excludente. Linguagem neutra tem a ver, principalmente, com a dignidade e vida de pessoas trans e travestis.

Sobre o Brasil ser o país que mais mata pessoas trans e travestis há 14 anos ninguém quer fazer projeto de Lei, né? Aqui no Rio Grande do Sul tem saído muito projeto de Lei parecido em muitas cidades, como se fossem nos calar, como se fossem barrar as nossas identidades de existirem. Porque vocês não se preocupam em incluir Libras no currículo escolar de todas as escolas?

Porque vocês não se preocupam em incluir Libras no currículo escolar de todas as escolas?

Porque vocês não fiscalizam se estão sendo cumpridas as Leis 10.639/2003 e 11.645/2008 que regulamentam o ensino de “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena” na educação básica do Brasil, que é hoje o principal instrumento de luta contra o racismo dentro do campo educacional, no meu tempo de escola não estavam e essa lei tem quase 20 anos.

Porque vocês não incentivam programas escolares que potencializam a luta contra a gordofobia nas escolas? Vocês estão sim excluindo! Excluindo porque vocês só se preocupam com uma educação racista, misógina, transfóbica, lgbtqia+fóbica, capacitista, gordofóbica, etarista, etc. entre tantas outras violências que compõem o cenário escolar.

*Luka é uma travesti multiartista e produtora de teatro, audiovisual e mídias sociais.