“Great Freedom” traz a jornada que a comunidade LGBTIQA+ traçou até aqui e impõe a certeza de que nada dura para sempre
Por Eduardo de Assumpção*
“Great Freedom” (Grosse Freiheit, Áustria/Alemanha, 2021) Um filme incisivo e excelente que é parte drama prisional e parte uma história de amor realizada pelo cineasta austríaco Sebastian Meise, contando a história do encarceramento de um homem gay que durou várias décadas. Baseado em fatos reais, vemos Hans, o fenomenal Franz Rogowski, em 1945 após o fim da Segunda Guerra Mundial sendo transferido de um Campo de Concentração para uma prisão civil após ter sido pego fazendo sexo com um homem em um banheiro público, segundo as normas do Parágrafo 175 .
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O personagem passa então a cumprir penas de prisão quase contínuas. Testemunhamos os encontros recorrentes de Hans com seu companheiro de cela Viktor (Georg Friedrich), um assassino condenado que, como todos os outros presos, detesta totalmente qualquer pessoa condenada por crimes homossexuais, mas Franz despertará nele um senso protetor de humanidade. Eles se encontram novamente quando Hans é condenado mais uma vez em 1957.
Desta vez com seu grande amor, Oskar, Thomas Prenn, que também colabora com o roteiro, um romance que provavelmente não pode durar. Miese nos mostra a história com flashbacks e vemos que Hans que sempre consegue encontrar um namorado novo e mais jovem em prisões anteriores, Viktor atua como seu mentor e fonte de apoio principalmente quando Hans se mete em problemas com os guardas da prisão.
Filmado de forma autêntica em uma prisão real na Alemanha, o fato adiciona tanto realismo à pura brutalidade que Hans e outros enfrentaram devido à existência dessa lei antiquada. Ela não apenas torna a vida impossível para todos os gays terem existências significativas, mas também fortalece e sanciona a homofobia implacável na sociedade, dentro e fora da prisão.
Além disso, o longa conta de forma gloriosa a história da perseguição aos homossexuais e, posteriormente, à vida e ao amor entre pessoas do mesmo sexo na Alemanha, mesmo após a era nazista. O filme faz um lembrete sobre a longa jornada que a comunidade LGBTIQA+ traçou até aqui e impõe a certeza de que nada dura para sempre.
Disponível na @mubibrasil
*Eduardo de Assumpção é jornalista e responsável pelo blog cinematografiaqueer.blogspot.com
Instagram: @cinematografiaqueer
Twitter: @eduardoirib