ESPECIAL ELEIÇÕES: Candidatura de Indianarae Siqueira traz a esperança da continuidade da luta no Rio de Janeiro

Mais de três décadas de luta avalizam a candidatura de Indianarae Siqueira (PT) à deputada federal no Rio de Janeiro. Ela tem o número 1369 para o eleitorado fluminense votar e uma trajetória de defesa dos direitos de todas as vidas que precisa ganhar mais força, alcançar os instrumentos oficiais de poder em Brasília para continuar fazendo a diferença na nossa comunidade.

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Criadora da CasaNem, ela defende que agora precisamos votar projetos de lei que sejam a favor dos LGBT+, mas reflete: são propostas que envolvem a sociedade como um todo para tornar esta mesma sociedade melhor. Indianarae acredita que nós somos estruturas dessa sociedade, não somos somente identidades. A identidade é nossa, mas a estrutura é coletiva, ela defende.

Ao votar em mim ou em outra pessoa LGBTQPIAN+ você está votando em pessoas que pensam a sociedade coletivamente.

“Não dá para pensar em uma lei quando você não faz parte daquela comunidade, quando você não traz isso marcado no seu corpo. É essa a importância, tornar a sociedade mais equânime, ter mais pautas feministas, de luta contra o machismo, contra a LGBTfobia, contra o racismo, tornando a sociedade mais segura”, conta na entrevista a seguir:

Por que as pessoas devem votar em você?

É por que as pessoas devem votar em nós! Porque nós somos corpos que se constroem coletivamente através de várias exclusões e vulnerabilidades. Mas nossas lutas não são identitárias, como dizem, elas são estruturantes porque fazem parte da estrutura da sociedade. Quando nós lutamos por moradias para as pessoas LGBTQPIAN+, quando nós lutamos por saúde, quando nós lutamos por educação, pelo direito ao nome. Quando lutamos por tudo isso, são pautas que fazem parte da nossa sociedade, só que nós interseccionamos para a nossa comunidade, mas nós estamos lutando por pautas em comum. Nós somos uma construção coletiva. Ao votar em mim ou em outra pessoa LGBTQPIAN+ você está votando em pessoas que pensam a sociedade coletivamente porque a constroem através de uma exclusão de uma comunidade. Isso faz muito sentido porque não pensamos só em nós, pensamos na sociedade como um todo. Porque a inclusão das nossas pautas vai fazer com que a sociedade seja melhor, mais diversa, com mais qualidade de vida e respeito aos direitos, ao direito à vida.

“Porque a inclusão das nossas pautas vai fazer com que a sociedade seja melhor, mais diversa, com mais qualidade de vida e respeito aos direitos, ao direito à vida.”

O que você pretende fazer quando se eleger? Quais suas três principais propostas?

Ao me elegerem eu pretendo continuar as lutas que já faço. Na realidade já faço junto com a galera com quem promovemos o PreparaNem, construímos a CasaNem, uma rede negra de acolhimento, a rede brasileira de acolhimento para pessoas LGBT, outras redes como a aliança diversa internacional, que é a rede de casos de acolhimento para trans e LBTs. Então a gente já tem redes de geração de emprego, de economia solidária, de veganismo. Eu sou vegana há 19 anos, a proteção do meio ambiente, animal, da vida, todas essas lutas que a gente já faz. Agora precisamos votar projetos de lei que sejam a favor da nossa comunidade, mas que envolvam a sociedade como um todo para tornar a sociedade melhor. Fazer esse debate público sobre essas questões para que as pessoas entendam que nós somos estruturas dessa sociedade, não somos somente identidades. A identidade é nossa, mas a estrutura é coletiva. Então nós precisamos pensar dessa maneira, agir conjuntamente. Se eleita, serei deputada de 200 milhões de pessoas, do Brasil todo. Incluo também a pauta indígena, sou descendente de Mbyá-Guarani, então as pautas indígenas para mim são muito importantes.

A identidade é nossa, mas a estrutura é coletiva. Então nós precisamos pensar dessa maneira, agir conjuntamente.

Qual a importância de votar em e eleger pessoas LGBT por todo o Brasil?

A importância de se eleger pessoas LGBTQPIAN+ em todo o Brasil, além de mulheres em geral e mulheres pretas, homens pretos também, é colocar essas pessoas nos lugares de formulações dessas leis pensadas através de seus corpos. Não dá para pensar em uma lei quando você não faz parte daquela comunidade, quando você não traz isso marcado no seu corpo. É essa a importância, tornar a sociedade mais equânime, ter mais pautas feministas, de luta contra o machismo, contra a LGBTfobia, contra o racismo, tornando a sociedade mais segura.

Como você espera que seja o Brasil em 2023?

Espero que o Brasil em 2023 seja de esperança, de futuro, de desenvolvimento. De mais amor, estamos com muito ódio, muita violência. Nós da sociedade LGBTQPIAN+ já passamos por tanta violência que quanto mais a sociedade se torna violenta, nossos corpos são cada vez mais violentados. Eu penso para 2023 Lula presidente do Brasil, a união dos países da América que estão também nesta onda de Esquerda. A união da galera LGBTQPIAN+ internacional como já estamos fazendo com as alianças. E que 2023 seja leve, seguro, em paz, que seja de muito amor, muitas energias positivas, que a gente possa celebrar a vida e não mais chorar a morte. Não mais transformar a luta em luto e nem o luto em luta, porque espera-se que alguém precise morrer para que a gente precise abrir os olhos para a luta, não pode ser assim. Que a gente não precise lutar mais, na realidade. Que a gente possa curtir a vida, porque vai ser o início de um novo ciclo, de um novo mundo, onde nossos corpos possam existir com liberdade total e a gente possa viver em paz. Olhar nos olhos sem ter medo, andar nas ruas sem ter medo, virar a esquina sem ter medo. Olhar para o outro e saber que é uma pessoa na qual podemos confiar, eu acho que é isso, confiança.

Não dá para pensar em uma lei quando você não faz parte daquela comunidade, quando você não traz isso marcado no seu corpo.

Qual seu maior sonho?

Meu maior sonho nesses mais de 51 anos de vida e nessas mais de três décadas de luta é justamente isso, não precisar mais lutar. Saber que o mundo está em segurança, que nossa comunidade está em segurança, que nós estamos em paz, que não existem mais bombas caindo sobre a cabaça de crianças, sobre escolas, hospitais. Que ninguém mais brigue para demarcar fronteiras, que elas caiam, que nós possamos transitar por todos os países. Que nós tenhamos sim nossos governantes pensando territorialidades, mas sem que seja proibido aos povos transitar, partilhar, compartilhar, viverem realmente como um grande planeta irmanado. Como se todos fôssemos realmente irmãos, como somos, mas não nos vemos assim. E também um planeta vegano, meu maior sonho é um planeta vegano. Porque eu acho que quando você luta por todas as vidas – inclusive quando você pensa nesses seres que são escravizados, torturados, assassinados para virarem alimento e você não se compadece dessa dor, da luta que eles também fazem pela vida em uma sociedade que só pensa neles como alimento -, eu acho que quando se pensa nessas vidas você está pensando em todas as vidas. E lembrar que nós, enquanto seres humanos, pertencemos ao reino animal. Um planeta vegano, esse é o meu maior sonho. Um planeta de proteção à vida. Assim eu poderia partir feliz.

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