ESPECIAL ELEIÇÕES: Dandara Felícia promete mandata participativa e vibrante como deputada estadual em Minas Gerais
A historicamente LGBT+ cidade mineira de Juiz de Fora traz nas Eleições 2022, em 2 de outubro, o nome de Dandara Felícia, fundadora do Centro de Referência LGBTQI+ e da Associação de Travestis, Transgêneres e Transsexuais de Juiz de Fora (ASTRAJF). Dandara é candidata à deputada estadual pelo Partido dos Trabalhadores (PT) com o número 13777 e a promessa de uma atuação coletiva, vibrante.
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Na Assembleia Legislativa, a mandata quer explorar e aprimorar os canais participativos já existentes, como conselhos e conferências, e incentivar a gestão compartilhada das políticas públicas. Também pretende realizar plenárias e consultas à população nos momentos críticos de decisão e quando for preparar nossas propostas para o orçamento anual.
O meu maior sonho é que a gente tenha representatividade de verdade nos lugares de poder e decisão.
“Todas as nossas leis estão engavetadas porque as pessoas não defendem verdadeiramente a pauta. Utilizam os nossos corpos e nossas pautas para se eleger, mas na hora de verdadeiramente defender as nossas pautas, não nos defendem. Por isso que é importante eleger pessoas que nos representem”, conta na entrevista a seguir:
Por que as pessoas devem votar em você?
Porque eleger mulheres pretas, eleger travestis pretas, pessoas LGBT pretas é colocar no poder as pessoas que pensam políticas públicas desde a base, em uma metodologia interseccional de análise dessas políticas públicas para representar todo mundo. Quando uma mulher preta se movimenta na sociedade, a sociedade inteira se movimenta junto com ela. Essa é uma frase de Angela Davis que durante muito tempo foi lida como violenta, mas que se a gente pensar que estamos na base da pirâmide social e entra em lugares de poder e decisão para construir políticas públicas, nós melhoramos a vida de todo mundo.
O que você pretende fazer quando se eleger? Quais suas três principais propostas?
Nós trabalhamos em três eixos temáticos principais. O primeiro é Pela Vida de Todas as Mulheres. O segundo é Educação e Cultura Antirracista. E o terceiro é Pelo Bem Viver. Todos esses eixos estão em conjunto para formar um grande projeto de mandato que seja combativo, mas que seja também coletivo, aberto, popular, com base nos movimentos sociais e feito pelos movimentos sociais. A nossa principal atuação será, obviamente, com as plenárias da participação popular, mas com esses três eixos pensando saúde da mulher, direitos sexuais e reprodutivos, direito ao aborto legal, seguro e gratuito. Também o acesso de pessoas LGBTQIA+ aos serviços de saúde, promover geração de trabalho e renda. Na Cultura, pensar novas propostas para realmente implementar a 10639. E Pelo Bem Viver é pensar novas formas de produção, formas de apoio a mulheres produtoras rurais que são sozinhas e tocam suas terras, que produzem comida de verdade. O agro não é pop, não produz comida de verdade. O pequeno produtor rural, sim.
Nós trabalhamos em três eixos temáticos principais. O primeiro é Pela Vida de Todas as Mulheres. O segundo é Educação e Cultura Antirracista. E o terceiro é Pelo Bem Viver.
Qual a importância de votar em e eleger pessoas LGBT por todo o Brasil?
Porque nós, pessoas LGBT, não temos direito nenhum garantido no Brasil ainda. Todos os nossos direitos são garantidos via Judiciário. Nós não temos a construção de políticas públicas perenes que atendam a população LGBTQIA+ em geral. Todas as nossas leis estão engavetadas porque as pessoas não defendem verdadeiramente a pauta. Utilizam os nossos corpos e nossas pautas para se eleger, mas na hora de verdadeiramente defender as nossas pautas, não nos defendem. Então por isso que é importante eleger pessoas que nos representem em todas as assembleias legislativas do Brasil e na Câmara Federal.
Como você espera que seja o Brasil em 2023?
A gente pretende em 2023 primeiro ir à posse do Lula, porque o Brasil vai ser feliz de novo. Mas a gente pretende também levar para a nossa posse todos os movimentos sociais. Eu sou uma mulher do Candomblé, 13 anos de iniciada. Eu pretendo levar um ônibus de baianas, um ônibus do Hip Hop, um ônibus das pessoas que estão conosco nos movimentos sociais, nos movimentos por terra, para que a gente ocupe a praça em frente à Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais e mostre para todas as pessoas quem está chegando naquele lugar para fazer política pública para a população em geral.
Qual seu maior sonho?
O meu maior sonho é que a gente tenha representatividade de verdade nos lugares de poder e decisão. Eu não digo isso só por minha causa, eu espero que neste ano sejam as eleições da nossa vida, e que o Brasil eleja sua maior bancada LGBTQIA+. Que tenham pessoas LGBTQIA+ no Senado, em todas as assembleias legislativas do Brasil. Vamos juntes. Até a vitória!