Liniker define o tom da 2a temporada de “Manhãs de Setembro”, bastante adequado à realidade de uma pessoa negra e trans

Por Eduardo de Assumpção*

“Manhãs de Setembro 2ª Temporada” (Brasil, 2022) Cassandra(Liniker) está na estrada com Leide(Karise Teles) e o filho Gersinho (Gustavo Coelho) no começo da 2ª temporada de ‘Manhãs de Setembro’, série da @primevideobr. O carro para e é preciso que chame o pai da trans, surge então Seu Jorge, como Lourenço.

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O progenitor acolhe a filha, e a família ainda sem sabe bem lidar com a questão trans, porém é receptivo, assim como a esposa interpretada por Samantha Schmutz. No final do episódio vislumbramos um dueto, entre Liniker e Seu Jorge, em nada menos que ‘Travessia’, de Milton Nascimento.

O tom é dado logo no início, a temporada é sobre família, Cassandra está reestabelecendo seus laços de sangue, mas também sendo acolhida por aquela família que escolheu, cuja matriarca Roberta(Clodd Dias), é a dona do bar Metamorfose, onde se apresenta, já sem tanta paixão, pois ‘Manhãs de Setembro’ é também sobre as mazelas da vida.

São Paulo está menos cinza, a metrópole está luminosa oferecendo possibilidades para Leide, por exemplo que não as deixa escapar. Mas Cassandra é menos otimista, ela coloca sempre mais dificuldade nas situações. Há uma voz na sua cabeça, a da cantora Vanusa e Cassi só consegue se libertar quando começa a cantar. O casal Décio(Paulo Miklos) e Ari(Gero Camilo), ganham mais espaço de tela, dando uma leve pincelada no assunto geriatria LGBTQIA+.

Nomes da música como Martn’ália e Ney Matogrosso fazem breves, porém, bonitas participações. A música é o centro e a série segue revisitando o repertório de Vanusa. Também há novidades, como uma versão de ‘Ex-My Love’, por Pedrita, personagem de Linn da Quebrada. Cassandra precisa de aqué. A personagem tem que tomar decisões difíceis ao longo da temporada.

Seu relacionamento com Ivaldo(Tomas Aquino), que deixou a mulher e agora vive sozinho com a filha lésbica parece não evoluir. A série mostra um salto de qualidade em seu 2º ano, é rápida, acontece, porém o humor de sua protagonista define o tom, o que neste caso seria bastante adequado à realidade de uma pessoa negra, trans mas que está sempre na luta buscando além da música e do consolo da família o poder se reerguer.

*Eduardo de Assumpção é jornalista e responsável pelo blog cinematografiaqueer.blogspot.com

Instagram: @cinematografiaqueer

Twitter: @eduardoirib