“Mais que Amigos” pretende transformar o arcaico e mostrar que hoje as coisas já não são bem assim

Por Eduardo de Assumpção*

“Mais que Amigos” (Bros, EUA, 2022) O ano é 2022 e “Mais que Amigos” é a primeira comédia romântica gay a ser lançada por um grande estúdio, no caso, a Universal. A estrela e coroteirista, Billy Eichner, se desdobra, criando um filme hilário e sincero que também reconhece a história desafiadora, e muitas vezes oculta, das pessoas LGBTQIA+ na sociedade.

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Bobby(Eichner) é um podcaster de história queer e membro do conselho do próximo museu LGBTQIA+ de Nova York, onde trabalha ao lado (e às vezes em desacordo) com uma equipe de organizadores comunitários que representam cada letra da sigla. As cenas do museu incluem um senso de legado da comunidade que informa e que se entrelaça na história.

A trama principal, claro, é um romance: Bobby conhece o belo advogado Aaron (Luke Macfarlane) em uma festa de lançamento de um aplicativo e se vê imediatamente, ao mesmo tempo excitado e completamente irritado com esse estranho que é claramente mais esperto do que parece, mas também é tão tímido quanto Bobby.

Como é comum é filmes como esse, eles abrem caminho para os personagens, culminando em diversas cenas de sexo, o que inclui orgia, fetiches e outras variações, o que talvez constranja o público hétero, mas encha de orgulho e alegria a comunidade queer.

Seja Bobby lembrando como ele desistiu de seu sonho de teatro musical porque um professor disse que ele não era macho o suficiente, ou Aaron admitindo que nunca perseguiu seus sonhos de ser um chocolateiro porque ser um confeiteiro era ‘muito bicha’. Esses caras, na casa dos 40, foram prejudicados pelas mensagens negativas que receberam enquanto cresciam. Mensagens essas que o filme pretende transformar e mostrar que hoje as coisas já não são bem assim.

O longa, de Nicholas Stoller, transborda com sagacidade afiada, piadas engraçadas e humor observacional sem tentar muito agradar o público. É autoconsciente, mas não excessivamente. O roteiro têm um talento especial para entender a natureza humana por causa da maneira como tratam Bobby e Aaron como seres humanos e exploram seu relacionamento de uma maneira convincente.

Em cartaz nos Cinemas!

*Eduardo de Assumpção é jornalista e responsável pelo blog cinematografiaqueer.blogspot.com

Instagram: @cinematografiaqueer

Twitter: @eduardoirib