Valéria Custódio lança segundo “Miragem”, álbum construído com as mãos de pessoas pretas, LGBTQIA+, mulheres e homens
Tem novidade das boas na MPB – a Música Preta Brasileira – com o novo álbum de Valéria Custódio, “Miragem”, o segundo de sua carreira. O disco abre caminhos para sonhar um mundo onde o amor e a verdade floresçam. Na construção do projeto, coletivo e diverso, as mãos de pessoas pretas, LGBTQIA+, mulheres e homens.
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Gravado durante três momentos diferentes – antes, durante e depois da pandemia – o projeto foi submetido ao poder do tempo para confirmá-lo como necessário. “Se sabemos que um mundo com amor, verdade e respeito é muito melhor, então, por que brigamos?”, pergunta-se a artista.
Provocando a possibilidade de sonhar com um mundo novo, o registro reflete sobre as velhas e insustentáveis formas do viver. O afeto vem como redentor de uma sociedade caquética e Valéria é uma aliada dessa revolução. Ao todo o repertório é composto por 10 faixas, todas compostas pela artista – exceto “Faxina”, assinada por seu parceiro Kau Caldas, que também estava imerso no contexto em que o trabalho foi elaborado.
Se sabemos que um mundo com amor, verdade e respeito é muito melhor, então, por que brigamos?
Durante a criação, a cantora desejava variedade, tanto artística como na produção, e, portanto, reuniu uma equipe diversificada e plural, onde mulheres, homens, comunidade preta e LGBTQIA + estivessem a favor de construir esse projeto do que anseiam ao futuro.
“Miragem” teve como inspiração “Promise” (1985), da banda britânica Sade, cujo título tem tudo a ver com a obra de Valéria – “Promessa”, em português. Promessa de um novo amanhã. “Sade Adu (vocalista da banda) é uma inspiração muito forte de voz, que usei nesse disco. Ele não tem grandes arranjos vocais, pois é um trabalho bem minimalista onde foquei toda a minha atenção em apresentar ao público, mais do que nunca, o meu timbre e a minha voz como realmente ela é”.
Além desta, Nina Simone, Billie Holiday, Marisa Monte e Jay Z figuram entre as principais influências. A sonoridade segue os caminhos do jazz, do rhythm blues e, certamente, da vasta música brasileira. A direção geral e a concepção artística são assinadas pela própria Valéria.
O recado é único: amor e verdade. “Deixo essa mensagem curta, urgente e necessária. Precisamos ver e lutar pela verdade dos fatos, precisamos lembrar sobre o que significa o sentimento do amor próprio e coletivo, estamos com ódio e se continuarmos assim não resistiremos”.
Fotos: Lethícia Galo