Yoga, meditação e duas gatas têm feito toda a diferença no meu isolamento social
Já de início é preciso deixar claro que quando alguém durante a quarentena descobre algo bom não quer pressupor uma romantização. Cada um tem criado para si uma nova maneira de se ver, se sentir e de ser. Por isso eu acho extremamente positiva essa onda de fazer pão em casa, Festa Junina online ou maratona de séries e filmes. Dentre muitas descobertas, uma das mais legais no meu isolamento foi o yoga – que puxou a meditação.
Eu percebi que precisava movimentar o corpo de alguma maneira. Com a academia fechada (e eu espero que abra realmente só quando for seguro mesmo) e sem quatro horas de vôlei seguidas pelo menos por três vezes na semana eu, que amo um bom chocolatinho, cairia em uma ladeira de glicose, gordura e tudo o que decorre disso.
Nunca fui fitness, sempre fui wellness, sempre preferi o bem-estar à dor no músculo, e tudo bem, cada um na sua. Por isso foi muito delicioso descobrir o yoga. Porque eu sempre tive uma elasticidade e flexibilidade de dar inveja, modéstia à parte. Encostar as mãos no chão sem dobrar os joelhos é algo natural para mim. Unir isso a uma prática que me faz respirar de verdade foi natural.
Conversei com minha sempre guia espiritual Maria Fernanda sobre querer buscar exercícios novos. Sempre achei yoga demais, mas nunca cheguei muito perto. Com o isolamento, eu sabia que o YouTube seria uma opção. Então Maria Fernanda me indicou os vídeos da xará dela, Fernanda Raiol, e hoje eu e Fê, que eu chamo de Fernanda Yoga por causa do nome do canal, somos amicíssimos.
Ela não me conhece, óbvio, mas transformou minha vida de uma maneira muito boa. Por isso decidi dividir essa experiência. Fernanda tem uma energia de gente de bem consigo, super animada, feliz, belíssima. Com seu sotaque carioca, fala com você como uma amiga mesmo, querendo seu bem. Se você que está lendo vai ou não seguir o yoga, tanto faz, mas permita-se ao novo. E meu novo com Fernanda tem sido maravilhoso todas as manhãs – para já começar o dia todo esticado, todo respirado, todo focado.
Comecei com a playlist específica para iniciantes. É bem didática, fácil e minha amiga Fê sabe exatamente o que orientar. Quase não se percebe que ela não está, fisicamente, na minha sala. Fã de alongamento, na academia fico mais me espichando do que malhando, foi o encontro do ano: eu e o yoga. Estica, alonga, respira, concentra, arrasa, viado!
Já faz mais de um mês que eu e Fê nos encontramos todas as manhãs. E todas mesmo, porque como eu escolho o horário por ser no YouTube a aula, me organizo para caber trabalho, duas gatas para cuidar e yoga na mesma manhã. Inclusive as gatas são minha fonte de inspiração. Juju e Elvira acordam e se espreguiçam em posição de yoga – sábias, acordando o corpo antes de caminhar.
É esse autocuidado que eu estou amando. Porque é uma atividade física, mas metade do desempenho, pelo menos, é mental. Você é deliciosamente forçado a respirar corretamente, organizar os pensamentos e sentir o próprio corpo, saber dos próprios limites. E o dia fica muito mais produtivo.
Mas obviamente desafios existem. Meu pulso esquerdo aberto no vôlei me impede de ficar muito tempo em determinadas posições. E ter duas gatas também não ajuda: é colocar o colchonete para começar a aula e as duas deitam do lado, me deixando quase sem espaço.
Então eu estico o corpo daqui, tiro a gata dali, olho o vizinho horrorizado por eu estar plantando bananeira às sete da manhã e sigo meu dia. Recomendabilíssimo!
Além disso, Juju ama ficar bem em frente à televisão. E não tem sido diferente com as aulas da Fernanda Yoga (porque profissional bom é aquele que já ganhou o trabalho no sobrenome). Então eu estico o corpo daqui, tiro a gata dali, olho o vizinho horrorizado por eu estar plantando bananeira às sete da manhã e sigo meu dia. Recomendabilíssimo!
Bacia de areia
Foi natural também buscar a meditação. No fim da aula da Fernanda ela mesma já recomenda umas quando você está na posição final, o shavasana. Como eu estou no nível iniciante, busquei no YouTube uma meditação guiada para saber como era possível esvaziar a mente. Porque para mim a meditação é isso: o dia vai colocando na nossa bacia um monte de terra que vai pesando, amalgamando.
A meditação tem sido como uma água que cai nessa bacia, dissolve a terra, deixa tudo mais fluido e, dependendo da terra que eu coloquei durante o dia, consigo sair da meditação com um belíssimo vaso de cerâmica (sentido figurado, não sou capaz de produzir a mais simples peça física). Mais do que isso, quebra padrões de pensamentos, faz a minha engrenagem parar um pouco, mudar o ritmo.
Para quem trabalha com processo criativo como eu, jornalista, é um exercício super produtivo. Eu me dei bem com as flautas indianas e com as músicas celtas (a árabe me dava uma sensação de suspense), mas é claro que isso varia e vale a pena você buscar a sua própria. Yoga, meditação e duas gatas têm feito toda a diferença no meu isolamento social.