Peça resgata a história do ícone de resistência e dona dos palcos Phedra D. Córdoba

Phedra D. Córdoba (1938-2016) foi um verdadeiro furacão no teatro brasileiro e até hoje um dos maiores ícones da libertária Praça Roosevelt, em São Paulo. Transexual, cubana, talentosa, dona das cenas, altiva, geminiana e imparável. Uma diva que merecia uma homenagem à altura, como em “Entrevista com Phedra”, em cartaz na capital paulista, no Satyros Um, aos sábados, 21h, até o dia 28 de setembro.

A peça revela um pouco da trajetória de um símbolo de resistência e superação que veio ao Brasil evitando o clima nada bom para os LGBT sob o domínio de Fidel Castro em Cuba. Encontrou um lar nos braços do elenco do Satyros, sua paixão confessa, uma de suas maiores razões de viver. Voltou a Cuba 54 anos depois, desta vez como “una reina”, costumava dizer ao se orgulhar de, agora, ser admirada no país onde nasceu.

Márcia Dailyn e Raphael Garcia

Phedra é interpretada por Márcia Dailyn, atriz, primeira bailarina trans do Theatro Municipal de São Paulo, musa do bloco Acadêmicos do Baixo Augusta e atual diva da praça Roosevelt. O ator Raphael Garcia, um dos fundadores do Coletivo Negro, dá vida a Miguel Arcanjo.

A dramaturgia é do jornalista Miguel Arcanjo Prado, que contracena com Phedra na obra inspirada nas entrevistas que fez com ela. “É uma peça cercada de amor, como forma de homenagear a memória dessa grande abridora de caminhos nas artes da América Latina e que foi minha amiga”, diz Arcanjo.

A direção a quatro mãos é do argentino Juan Manuel Tellategui (Phedra morou em Buenos Aires antes de vir ao Brasil) e o brasileiro Robson Catalunha, além de ter figurino e visagismo assinados pelo estilista Walério Araújo e direção de produção de Gustavo Ferreira.

Phedra foi um furacão cubano de libertação

O diretor Robson Catalunha, que dirigiu o último monólogo da diva, “Phedra por Phedra”, e trabalhou com o ícone teatral norte-americano Bob Wilson em Nova York, revela que todo o processo foi um “carrossel de emoções”. “Phedrita com sua luz e energia tem nos inspirado e guiado a cada ensaio, a cada lembrança de sua fala, de suas castanholas e até mesmo de como esbravejava quando não gostava de algo. Ela nos inspirava e nos divertia no Satyros”, fala.

Clicando aqui tem uma entrevista maravilhosa dela ao Jô Soares em 2014.

“Entrevista com Phedra” – até 28 de setembro

Sábados, às 21h

R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia entrada)

(11) 3258 6345 / 3255 0994

contato.satyros@gmail.com

Satyros Um: Praça Franklin Roosevelt, 214 – Consolação