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À FLOR DA PELE

Longa aposta na pesquisa histórica para traçar retrato do sempre revolucionário Ney Matogrosso

Por Eduardo de Assumpção

Quando o longa “Ney à Flor da Pele” (Brasil, 2020), de Felipe Nepomuceno, abre com imagens da Ditadura Militar ao som de “Ave Maria”, na voz de Ney Matogrosso, vislumbramos que uma crítica social está por vir. A luz, porém, irradia quando a tela corta para o Secos e Molhados e sua representação libertária de androginia.

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Contemplativo, o filme é construído  em cima de um rico e raro arquivo audiovisual, com imagens da trajetória de Ney. O cantor, que explodiu com o Secos e Molhados, alçou carreira solo e foi rebolar sozinho nos palcos, sempre acompanhado de maquiagem, performances poderosas e um certo enigma sobre sua personalidade.

O filme é construído  em cima de um rico e raro arquivo audiovisual, com imagens da trajetória de Ney

Reportagens televisivas dos anos 1970 e 1980, falam sobre a relevância de suas letras e de questionar limites entre feminino e masculino. Participações de Cid Moreira, Ronnie Von e Leda Nagle, ainda que antigas, enriquecem o filme, que traz também imagens de Cazuza, Caetano, Chico Buarque, Ângela Maria e Milton Nascimento, acenando para contar uma fatia da história da cultura pop, no País.

A narrativa é conduzida, além do acervo de imagens, por músicas de Ney, como sequências ao som de “Como 2 e 2”, “Sangue Latino”, “Rosa de Hiroshima”, “Tem gente com fome”, “O mundo é um moinho” e até “Imagine”, em dueto com Simone. Não há depoimentos recentes, o documentário é um longo e primoroso trabalho de pesquisa.

O filme acredita no poder das imagens como veículo perpétuo de registro histórico e de arte. Assim como Ney quebrou e segue quebrando paradigmas, Nepomuceno transmite em sua obra um frescor em forma de homenagem, ainda que não totalmente biográfica, sobre a evolução da obra do maior performer/artista/cantor brasileiro da atualidade.

Sem dissecar o ídolo, o documentário reúne imagens, entre 1973 e 2019, e destaca que Ney, sempre manteve uma forma pacífica de lutar contra toda a forma de opressão. Como o próprio mesmo diz, em uma das raras cenas em que o diretor lhe dá a fala: “A liberdade que eu prezo tanto para mim, eu ofereço para as pessoas”

*Eduardo de Assumpção é jornalista e responsável pelo blog cinematografiaqueer.blogspot.com

Instagram: @cinematografiaqueer

Twitter: @eduardoirib

 

Redação

Redação Ezatamentchy

1 Comments
  1. eduardo

    20/11/2021 00:38

    Ficou Ótimo!

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