Bella Carter usa e abusa da arte drag para brilhar ainda mais do que a estrela do Tocantins
O Estado do Tocantins é o mais novo da federação brasileira e traz em sua bandeira a estrela Adhara para dizer que brilha muito, mas não tanto quanto sua drag Bella Carter. Aos 22 anos, a escorpiana conta como enfrentar o preconceito (e o calor) para se montar e conquistar espaço para a comunidade LGBT em uma região longe da bolha de aceitação Rio-São Paulo.
Bella revela que ainda é complicado viver da arte drag no Tocantins, sendo preciso muitas vezes buscar eventos fora do Estado. Mas nada apaga o brilho dessa estrela, que compete com o da bandeira pelo título de luz tocantinense. Bella sai ganhando, convenhamos, tem muito mais representatividade.
É do caçula Tocantins que a little monster assumida e orgulhosa fala mais sobre como não derreter a make no calor de em média 40 graus, mas principalmente sobre como se manter em pé quando o preconceito aparece. “Eu como artista e militante não me vejo de fora desse movimento.”
Como a arte drag surgiu na sua vida? Você sempre gostou?
Sempre fui fanático por arte. Sempre me vi como artista. E a arte drag queen foi algo que vinha crescendo através do meu gosto por maquiagens e pelo universo feminino. Aí juntei tudo e hoje faço o que mais gosto de fazer, que é ser drag queen.
Quais são suas inspirações?
Minha maior inspiração como ser humano e artista é Lady Gaga. Sou little monster desde 2008. O papel dessa mulher no mundo artístico é indiscutível. Apesar de que outras drags também me servem de inspiração, como Pabllo Vittar, Glória Groove, Aquária, mas a minha maior de todas é a Mother Monster.
Você está no Tocantins, faz questão de acompanhar o que outras drags estão fazendo pelo Brasil?
Sim, acompanho várias outras drags através das redes sociais. Gosto de acompanhar o trabalho delas, imaginando que um dia possa ser eu ali. Fico bisbilhotando o perfil de todas rsrs.
Há um espaço renovado para as drags depois do fenômeno Drag Race?
Com certeza. O reality fez com que muitas drags tivessem um espaço reconhecido. Trouxe para as pessoas o reconhecimento de uma artista drag, fazendo elas aceitarem e entenderem que drag queen também é arte. Além disso, o reality fez com que surgissem muitas outras drag queens.
Como é o mercado de trabalho em Tocantins?
Para o trabalho drag, aqui no Tocantins não há espaço. É um lugar que ainda não é descontruído sobre essa questão. Já fiz alguns trabalhos aqui, porém, não há apoio e nem reconhecimento. Meus trabalhos como drag geralmente são fora do Estado.
E a aceitação das pessoas com relação aos lgbt? É complicado?
Sim, apesar de que aos poucos as pessoas estão se desconstruindo sobre questões políticas envolvendo nós LGBTQs, mas há ainda o preconceito e a violência, que é uma grande barra pra nós LGBTQs conseguirmos nosso espaço. Mas creio que um dia isso mudará.
Palmas é bem quente, como manter a make e o figurino em ordem com altas temperaturas? Qual o segredo?
O segredo é se montar à noite quando a temperatura não está tão quente rsrs. Apesar de que às vezes à noite é mais quente que o dia, aí o segredo é usar um look bem despojado, e uma make bem suave, sem muito reboco rsrs
O segredo é se montar à noite quando a temperatura não está tão quente rsrs. Apesar de que às vezes à noite é mais quente que o dia.
Você participa da parada de Palmas. Você acha importante essa participação? Por quê?
Sim, acho muito importante essa participação. É uma marcha social em prol da minha comunidade LGBTQ. E eu como artista e militante não me vejo de fora desse movimento. Faz pouco tempo eu participei da parada de Marabá, no Pará.
Quais os planos futuros?
Meu plano maior é seguir como artista drag, ter um reconhecimento, uma carreira. Ter meu espaço.
Instagram @bellacarter_oficial