Sergipe comemora visibilidade trans com atenção especial a pessoas privadas de liberdade

Teve muita liberdade de ser durante a Semana da Visibilidade Trans em Sergipe, onde o governo estadual e a Prefeitura de Aracaju se uniram em uma programação com visita à ala de vivência LGBT do Complexo Penitenciário Manoel Carvalho Neto (Copemcan), no município de São Cristóvão.

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Com o tema “Igualdade de direitos, sim! Racismo estrutural, não!”, o evento teve rodas de conversas, capacitações de profissionais que atuam na pauta, além da visita ao Complexo Penitenciário, onde foram promovidas atividades de pintura e apresentações artísticas e culturais junto ao público LGBT interno.

Em Sergipe, o Copemcan e o Presídio Feminino, o Prefem, possuem alas destinadas ao público LGBT. De acordo com a coordenadora LGBTQIAPN+ da Secretaria de Estado da Assistência Social e da Cidadania (Seasc), Silvânia Santos, o espaço reafirma a identidade de gênero autoconstruída.

Nem todos aqui dentro do presídio aceitam uma pessoa trans, gay ou bissexual dentro de uma ala por preconceito. Precisamos ter o nosso espaço e a nossa liberdade.

“Essa parceria vem colhendo bons frutos. É um tema na qual as pessoas que ainda estão invisíveis se tornem visíveis na sociedade, independentemente se estiverem em cárcere privado ou não. Estamos viabilizando a cidadania e incluindo-as na sociedade, um papel da Assistência Social do Estado e Município. A identidade das mulheres trans não pode ser destruída no sentindo de cortar o cabelo, da falta de privacidade, para que sua identidade de gênero seja preservada”, explicou.

Silvânia: “a identidade das mulheres trans não pode ser destruída”

Reconhecimento
A interna J.L., 28, está reclusa há um ano e cinco meses. Mulher trans em situação de rua, ela foi acolhida pelo abrigo instalado na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) General Freitas Brandão, no Suíssa, onde conseguiu, com a intervenção da Assessoria LGBTQIAPN+, dar início ao processo de retificação de nome e gênero em seus documentos civis. Para ela, será um renascimento.

J.L., 28, está reclusa há um ano e cinco meses

“Ele me deu autoestima para mudar não só o meu nome, mas a minha vida, realizando o meu sonho de ser uma mulher trans perante a sociedade. Eu renasci desde quando Marcelo apareceu e me mostrou que eu posso ser o que eu quero ser.” Ela integra a ala LGBT do Complexo Penitenciário e participou das atividades propostas na ação, além de preparar um desfile de moda no qual customizou o seu e os fardamentos de suas companheiras em diversos modelos.

“Achei ótimo porque aumenta a nossa autoestima, por isso faço vários modelitos para representar o orgulho de cada uma. Nem todos aqui dentro do presídio aceitam uma pessoa trans, gay ou bissexual dentro de uma ala por preconceito. Precisamos ter o nosso espaço e a nossa liberdade. Quero ser reintegrada na sociedade”, disse.

*Com informações da Prefeitura de Aracaju.