Mato Grosso do Sul nada no pantanal do conservadorismo ao proibir uso de linguagem neutra de gênero  

O Estado de Mato Grosso do Sul proibiu o uso da linguagem neutra de gênero em seu território. Por 11 votos favoráveis e 7 contrários, o projeto de lei que estabelece a proibição foi aprovado neste mês na Assembleia Legislativa. Este tipo de linguagem é uma das principais bandeiras de luta LGBT atualmente, mas ficou mais difícil em MS. 

Leia também:

Deputado de MS quer vedar uso de linguagem neutra com projeto de lei que caminha rapidamente  

Deputados de MS já têm pronto para votação projeto de lei que proíbe a linguagem neutra  

Para ir à sanção ou veto, a proposta precisa passar pela votação de mérito, o que não deve ser um impedimento para o projeto. Uma grande onda conservadora religiosa pressionou a Assembleia, que dá sinal verde ao texto do emedebista Marcio Fernandes (foto de destaque) que proíbe o uso de flexão de gênero e de número das palavras da Língua Portuguesa pelas instituições de ensino e bancas examinadoras de seleções e concursos públicos no Estado. 

O deputado Pedro Kemp (PT) lembrou que a Assembleia não tem competência para legislar sobre o assunto. “A demanda por linguagem inclusiva pode ser considerada movimento social e de transformação. A sociedade está sempre em transformação e não será por meio de lei que as pessoas não vão falar da forma que desejarem.” 

Ainda segundo o parlamentar, as instituições de ensino não trabalham a língua neutra e a eventual utilização desses elementos em textos dos estudantes não faz parte do conteúdo escolar. “Não há pesquisa científica que reconheça a condição de mutabilidade da língua. Considero inconstitucional o projeto de lei que entra na competência da União que deliberará sobre a Língua Portuguesa.” 

Kemp: a sociedade está sempre em transformação

Segundo o deputado Gerson Claro (PP), a proposta trata da competência em determinar formas de se falar. “Não podemos fazer isso porque é competência da União, no mérito cada um diz o que quer, não podemos passar mensagem que a Assembleia faz algo que não é competência dela. Vai virar samba do criolo doido, cada estado falar de um jeito”. 

Lídio Lopes (Patriota) comentou que a Assembleia não pode abrir precedentes para que ocorra a variação de flexão de gênero. “Se não é regramento geral, não podemos começar em Mato Grosso do Sul. Por enquanto, se vier de cima para baixo, legislar no Estado, abrindo a porteira, por isso sou favorável ao projeto”. 

Um dado no mínimo interessante: a Assembleia de MS não é das mais diversas, a única deputada é Mara Caseiro (PSDB) e não há parlamentares LGBTI assumides.  

A proposta “veda expressamente a utilização de novas formas de flexão de gênero e de número das palavras da língua portuguesa pelas instituições de ensino e bancas examinadoras de seleções e concursos públicos no estado de Mato Grosso do Sul”.  

O deputado Márcio Fernandes alega que “a chamada linguagem neutra é uma ideia defendida por alguns grupos que afirmam que a Língua Portuguesa é preconceituosa e machista. Assim, os militantes visam uma mudança radical na norma culta do português”.   

Confira como cada deputado votou o projeto de lei: 

Amarildo Cruz (PT) — não 

Antônio Vaz (Republicanos) — ausente 

Barbosinha (DEM) — ausente 

Capitão Contar (PSL) — sim 

Coronel David (sem partido) — sim 

Eduardo Rocha (MDB) — sim 

Evander Vendramini (PP) — sim 

Felipe Orro (PSDB) — não 

Gerson Claro (PP) — não 

Herculano Borges (Solidariedade) — sim 

Jamilson Name (sem partido) — sim 

João Henrique Catan (PL) — sim 

Lídio Lopes (Patriota) — sim 

Londres Machado (PSD) — ausente  

Lucas de Lima (Solidariedade) — não 

Mara Caseiro (PSDB) — sim 

Marçal Filho (PSDB) — não  

Marcio Fernandes (MDB)  — sim 

Neno Razuk (PTB) — ausente  

Pedro Kemp (PT) — não 

Renato Câmara (MDB) — sim 

Zé Teixeira (DEM) — não