Vereadora de Niterói Benny Briolly sai do Brasil após série de ameaças e nenhuma garantia de proteção pelo Estado
A vereadora Benny Briolly (PSol), primeira mulher trans, negra eleita na cidade de Niterói, precisou sair temporariamente do Brasil após vir recebendo, desde o ano passado, uma série de ameaças a sua vida. A decisão foi tomada pelo PSol após vários pedidos da legenda, não atendidos, para que a parlamentar tivesse proteção por parte do Estado, como é legalmente previsto.
Leia também:
Conheça os projetos da vereadora Benny Briolly para garantir cidadania às pessoas trans de Niterói
Com a pandemia, as sessões da Câmara de Niterói têm sido online e Benny continua participando delas. A mandata da vereadora, Mandata de Favela, divulgou um comunicado explicando detalhes das ameaças, que começaram ainda em 2020, antes de Benny tomar posse. “De lá para cá, são incontáveis as agressões que sofre nas ruas e nas redes.”
A Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) manifestou apoio à parlamentar e reforçou que “é fundamental garantir acesso às políticas de proteção para defensoras de direitos humanos LGBTI. Nossa vida e nossa luta não podem ser interrompidas por conta da omissão do Estado!”.
Veja na íntegra o comunicado da Mandata de Favela:
COMUNICADO URGENTE
A vereadora Benny Briolly precisou sair temporariamente do país por conta de ameaças a sua integridade física. Não é de hoje que parlamentares negras, travestis, mulheres, LGBTQIA + e defensoras dos direitos humanos sofrem com a violência política dentro e fora dos espaços legislativos e de tomadas de decisões. Essa prática é fruto da estrutura patriarcal e racista que desumaniza nossos corpos e teme o avanço do nosso projeto político de transformação da sociedade.
Essa prática é fruto da estrutura patriarcal e racista que desumaniza nossos corpos e teme o avanço do nosso projeto político de transformação da sociedade.
Desde que foi eleita, Benny já sofreu uma série de violências. Em dezembro de 2020, antes de ser empossada, Benny esteve no parlamento para acompanhar uma sessão. Na ocasião, um grupo de bolsonaristas liderados pelo também eleito Douglas Gomes se reuniam na frente da Câmara.
No microfone, o referido vereador incitava seus eleitores a atacar a vereadora Benny. Sob xingamentos e ameaças, a parlamentar eleita precisou ser retirada da Câmara escoltada pela Guarda Municipal, que foi acionada por outros vereadores para assegurar sua integridade física.
De lá para cá, são incontáveis as agressões que sofre nas ruas e nas redes. Como, por exemplo, um e-mail citando seu endereço que exigia sua renúncia do cargo; caso contrário iriam até sua casa matá-la. Além disso, Benny recebeu comentários em suas redes sociais desejando que “a metralhadora do Ronnie Lessa” a atingisse. Paralelo a isso, uma série de incidentes de segurança tem nos deixado cada vez mais alerta.
As instituições que atuam na proteção de defensoras de direitos humanos e têm acompanhado esses acontecimentos estão cada vez mais preocupadas com o aumento do risco. Nossa Mandata já comunicou, informou e oficiou várias instâncias do Estado brasileiro sobre a grave situação. Mas até o momento não foram tomadas medidas efetivas que protejam sua vida e seus direitos políticos.
Para assegurar sua vida, o Psol precisou tomar uma medida drástica de tirar Benny do país. O que é absurdo e incompatível com o Estado democrático. Benny segue acompanhando as sessões plenárias da Câmara Municipal de Niterói, que por conta da Pandemia estão sendo virtuais.
Toda a equipe da Mandata de Favela segue firme trabalhando com muitas ações legislativas e a frente da Comissão de Direitos Humanos, da Criança e do Adolescente que a vereadora preside. Porém é inegável que o afastamento cercea seus direitos políticos e prejudica profundamente o exercício do cargo para qual Benny foi eleita: vereadora de Niterói. Não aceitaremos! Seguimos cobrando providências, para que tão logo ela possa retornar. #BennyNãoEstáSó #TôDeOlhonaBenny