“O Anjo” é baseado na biografia de Carlos Robledo Puch, o anjo assassino da Buenos Aires

Por Eduardo de Assumpção*

“O Anjo” (El Angel, Argentina/ Espanha, 2018) Baseado na biografia de Carlos Robledo Puch, o anjo assassino da Buenos Aires, dos anos 1970, o filme de Luis Ortega, tem produção dos irmãos Almodóvar, e muito flerta com o universo do cineasta espanhol, além de ter toques de Tarantino e do longa “Plata Quemada”. Carlitos, interpretado brilhantemente pelo estreante Lorenzo Ferro, é um ladrão de nascimento, que passa assaltando casas e roubando objetos alheios.

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Atraído pelo perigo ele acaba se envolvendo com Ramón(Chino Darín), aluno da mesma escola que também acaba se mete nos mesmos problemas. Ramón tem uma família disfuncional, com seu pai, um ladrão profissional e viciado, José (Daniel Fanego) e a mãe fogosa Ana María(Mercedes Morán). Quando armam um assalto à uma loja de armas, Carlitos surpreende a todos por sua audácia, e isso marca uma jornada no mundo do crime, ao mesmo tempo que se vê cada vez mais atraído por Ramón.

Carlitos coloca brincos, diz que prefere os meninos enquanto sofre ao ver Ramón se prostituindo com um cliente rico. Com o sonho de ser famoso, Ramón vai à TV, e no maior clima de jovem-guarda apresenta a canção Corazón Contento, num dos momentos esteticamente mais lindos e poéticos do filme.

Usando de muita licença poética para contar a vida do criminoso, Luis Ortega nos oferece uma obra imersiva, onde a fantástica trilha sonora faz parte da narrativa com clássicos da música latino-americana. O mundo do crime leva Carlitos à cometer vários assassinatos, enquanto a relação com Ramón, cada vez mais intensa, fica apenas subentendida.

Parece que o verdadeiro prazer do protagonista é realmente cometer crimes e sentir a adrenalina do perigo. O Anjo, que foi exibido no Festival de Cannes, em 2018, é um thriller gay surpreendente, colorido e criativo. Mais um grande acerto do cinema argentino, sobre um instigante personagem da vida real, que através de todo o carisma angelical do ator, nos cativa e nos arrebata.

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*Eduardo de Assumpção é jornalista e responsável pelo blog cinematografiaqueer.blogspot.com

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