“Neptune Frost” combina ficção científica, comentários sociais, romance, tecnologia, ação e musical
Por Eduardo de Assumpção*
“Neptune Frost” (Ruanda/França/Canadá/EUA, 2021) Em uma sociedade na Ruanda futurista, Neptune (Elvis Ngabo e Cheryl Isheja), um hacker intersexo, se apaixona por um mineiro coltan fugitivo, Matalusa (Bertrand Ninteretse), apesar de não se encontrarem fisicamente. O amor deles de alguma forma ameaça “A Autoridade” que Neptune se rebela.
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Com a ajuda de Matalusa, eles iniciam uma revolta contra “A Autoridade”. ‘Neptune Frost’, de Saul Williams, combina ficção científica, comentários sociais, romance, tecnologia, ação e musical de uma forma que parece que poderia ter se tornado uma bagunça exagerada e anárquica. Há uma leve sensação de anarquia porque o gênero do filme se dobra, mas não, não há sinal de exagero ou irregularidade.
O filme usa muitas metáforas sem explicá-las demais para o público, então Williams e a codiretora Anisia Uzeyman confiam na inteligência dos espectadores enquanto deixam espaço suficiente para a interpretação. ‘Neptune Frost’ não é realmente uma história de amor. É difícil categorizar o que torna tudo único e extraordinário.
Preste atenção nas letras das músicas durante os números musicais porque elas são bastante profundas. Esteticamente, ‘Neptune Frost’ é um triunfo. A cenografia, a iluminação, o trabalho de câmera, o figurino e o design de maquiagem combinam-se para criar um espetáculo deslumbrante e afrofuturístico.
A veia poética percorre tudo. A música, por sua vez, é diversa, desde as tradicionais batidas africanas até o rap moderno e encontra força no ritmo e na repetição. Cânticos dos mineiros ou linhas de diálogo são repetidos à medida que forjam novas conexões, convidando aqueles que seguem o fluxo a abrir suas mentes para as possibilidades.
*Eduardo de Assumpção é jornalista e responsável pelo blog cinematografiaqueer.blogspot.com
Instagram: @cinematografiaqueer
Twitter: @eduardoirib